MINHA HOMENAGEM AOS 581 ANOS DA DESENCARNAÇÃO DE JOANA D'ARC ( 30.05.1431) PASSE O MAUSE PARA LER OK?
O motivo que nos leva a escrever sobre a Donzela de Orleans, não é o de pormenorizar a sua vida, cheia de heroísmo e estoicidade, porque se acha descrita de modo magnífico na obra monumental de Léon Denis, que se intitula "Joana D'Arc Médium". Essa obra é toda apoiada em documentos insofismáveis, da qual respigamos alguns dados para a elaboração desta despretensiosa monografia.
Foi com vistas ao período agudo por que passa a humanidade, pejada de sofrimentos e apreensões, que achamos de bom alvitre lembrar, aqui, a figura da grande guerreira que foi Joana D'Arc.
Os seus feitos nobilíssimos na expulsão dos ingleses da França, no século XV, foram decisivos para a independência e liberdade desta grande e portentosa nação, graças ao feliz desempenho da sua mediunidade.
O que torna mais admirável esta jovem extraordinária é a evidência das faculdades mediúnicas de que era possuidora, quais sejam: as da visão, audição e premonição, às quais obedecia sem discrepância.
Sem tais faculdades, de per si ela nada teria realizado, tendo-se em vista a sua pouca idade e a sua nenhuma cultura.
Joana D'Arc nasceu em Domremy (França) em 1412. Era filha de pobres lavradores. Quando não fiava a lã junto de sua mãe, apascentava o rebanho às margens do Vale do Mosa, tendo, muitas vezes, ladeado seu pai no manejo da charrua.
Joana era morena, alta, forte e bela; a sua voz era suave, a expressão graciosa, o todo modesto.
Em uma moça como quase todas de sua idade, sonhadora. Comprazia-se em contemplar o céu, à noite, quando pontilhado de estrelas; apreciava vaguear pelas frescas campinas, pelas manhãs e, à tarde, sentar-se sob o carvalho anoso, fronteiriço à sua casa, onde ouvia, embevecida, o tanger dos sinos da igreja de sua aldeia.
Joana frequentava assiduamente essa igreja, onde orava com devoção.
Próximo à sua casa havia um jardim, bem cuidado, onde igualmente costumava orar.
A sua primeira visão, segundo Léon Denis, teve-a ela nesse local, quando se achava em prece.
Nessa visão, aparece-lhe um espírito de grande formosura, cujo esplendor deslumbra-a. Em seguida, é S. Miguel que lhe surge com urna corte de espíritos puros, que lhe fala da situação angustiosa de seu país e lhe revela a missão que lhe estava destinada de salvá-la.
A princípio, Joana reluta, confessando sua incapacidade para tão alto desígnio, sendo encorajada com a promessa de ajuda dos bons espíritos que a guiariam nesse arrojado empreendimento.
As entidades que mais frequentemente se comunicavam com ela, eram os espíritos boníssimos de Santa Catarina, Santa Margarida e S. Miguel, assim designados por ela, em virtude dos ensinamentos católicos, adquiridos naquela época em que o Catolicismo Romano imperava quase absoluto.
É de se notar que Joana jamais saiu de sua aldeia. Adorava seus pais, aos quais ajudava dedicadamente nos seus misteres e nunca ia deitar-se sem antes depositar-lhes na fronte seu ósculo filial.
JOANA ACEITA A MISSÃO
Um dia, na sua visão, reaparece-lhe S. Miguel que lhe diz: "Filha de Deus, tu conduzirás o Delfim a Reims, a fim de que receba aí sua digna sagração". A essas palavras Joana junta-lhes ação. Assim, antes do romper da aurora, em plena estação hibernal, Joana se levanta da cama e, pé ante pé, sem fazer ruído para não trair o sono de seus pais que a impediriam, por certo, de realizar seu intento divino, faz uma mala de roupas, salta a janela de seu quarto e vai para onde mandam suas vozes.
Quando sua fuga se deu, para cumprimento dessa missão, contava Joana a idade de 17 anos.
Só, ignorante, contando unicamente com o auxílio de seus espíritos, nos quais depositava toda a fé, ela deixa a aldeia que muito amava e onde nascera, e que não veria mais. Deixa ainda, o seu rebanho do qual nunca se tinha apartado e, conforme suas vozes, segue em direção a Paris, passando, antes, por Vaoucoleres, onde põe seu tio ao par do que lhe cumpria fazer por determinação do Alto.
Até então, sua vida havia transcorrido entre o trabalho, que muito amava, e o repouso.
JOANA É CONDUZIDA AO SUPLICIO
O dia 30 de Maio de 1431 assinala o término da sua gloriosa missão na Terra. Nesse dia, os sinos bimbalham o dobre fúnebre desde á 8 horas da manhã. É que anunciam a morte de uma inocente criatura, cujo único crime fora ter amado e servido fielmente à sua Pátria.
Diante de tanta injustiça, de tantos sofrimentos, que iriam, dentro em breve, culminar numa fogueira, Joana chora amargamente. Preferiria, ela própria o diz ser decapitada sete vezes, a morrer queimada.
Os monstros conduzem-na numa carreta. Oitocentos soldados ingleses escoltam-na até ao local do suplício. Grande multidão se comprime na praça onde Joana deveria receber o gênero de morte destinado aos piores assassinos.
Na Praça Vieux-Marché, em Rouen, são erguidos três palanques, para serem ocupados pelos altos dignitários. Entre eles achavam-se presentes o Cardeal de Wenchester, o Bispo de Beauvais e o de Bolonha, e todos os juízes e capitães ingleses.
Entre os palanques ergue-se um monte de lenha, de grande altura, dominando toda a praça. A intenção dos verdugos era aumentar o sofrimento de Joana, espetacularizando-Ihe a morte, a fim de que ela renegasse, pela dor, à sacrossanta missão e às suas vozes.
Nessa ocasião, é lido um libelo acusatório, composto de 70 artigos, no qual transparece todo o ódio, toda a calúnia dos seus inimigos.
Joana ora com fervor, em voz alta, e pede, nessa prece, Q Deus, que lhe dê a coragem precisa para suportar a prova final, sem queixumes, sem tergiversar.
Em seguida, implora o perdão divino aos seus algozes, tal como fizera Jesus quando pregado ao madeiro.
Em dado momento, suas palavras comovem aquela gente, em número superior a 10 mil pessoas, que soluçam ante os horrores daqueles momentos. Os próprios juízes, sentindo o remorso morder-lhes a consciência, choram diante dessa cena.
A um aceno do cardeal, Joana é amarrada ao poste fatídico, com fios de ferro.
A vítima dirige-se, então, a uma pessoa que se achava perto e pede-lhe que vá buscar uma cruz na igreja mais próxima. Ao ter o símbolo da dor entre as mãos, cobre-o de beijos e lágrimas. É que nesse momento trágico, ela queria ter diante de seus olhos a imagem do Crucificado, para inspirar-lhe a coragem de que carecia.
Naquele momento, Joana reviveu todo o seu passado de glórias, cheio de gratas recordações, que só pode acudir à mente das criaturas verdadeiramente puras, como ela, que ia, daí a instantes, sacrificar sua vida pela verdade.
QUEIMADA VIVA
Eis que o momento azado chega. Ao monte de lenha que se ergue da praça, os carrascos lançam fogo. As labaredas começam a subir atingindo a vitima. Já lambem suas carnes. O Bispo de Beanvais aproxima-se da fogueira e grita: "Joana! Abjura!" ao que lhe responde: "Bispo, morro por vossa causa, apelo de vosso julgamento para Deus!"
Quando o fogo começa a chamuscar seu corpo, Joana, estorcendo-se nos ferros onde se achava presa, grita à multidão: "Sim, minhas vozes vinham do Alto! Minhas vozes não me enganaram. Minhas revelações eram de Deus. Tudo que fiz, fi-Io por ordem de Deus!"
Seu corpo arde-se todo. Eis q:ue novo grito abafado pelo crepitar da fogueira, ecoa de dentro dela; era seu apelo ao mártir do GóIgota: "JESUS".
Seu corpo fora carbonizado nessa fogueira e reduzido a cinzas, as quais, depois foram lançadas ao Sena.
Desta forma, negaram-lhe seus inimigos uma sepultura onde pudessem seus admiradores ir pranteá-la!
Os ingleses pensavam terem vencido com a morte de Joana, Mas, enganavam-se. Carlos VII consegue reorganizar rapidamente suas tropas e ganhar as batalhas de Formigni e Castillon, findando-se, assim, a guerra com o triunfo dos franceses.
Seus inimigos mataram-na tal como queriam, isto é, lentamente, com requintes de crueldade.
Joana morreu para os ingleses, para a Terra; porém, viveu para o céu. É a recompensa divina.
CANONIZAÇÃO DE JOANA
Alguns anos mais tarde, Joana é canonizada pela Igreja Romana, a mesma que a tinha acusado de herética. A sua santificação foi mais por conveniência política, que por outro motivo qualquer, porquanto Joana sempre inspirou à Igreja sentimento de repulsão em virtude da sua mediunidade; e por isso, era tida, pelo clero, como "feiticeira", por não querer obedecer-lhe negando a origem extraterrena da sua missão.
O processo de reabilitação de Joana, levado a efeito no século XV, marca a queda da Inquisição na França. Eis o que os franceses devem, ainda, a Joana D'Arc.
A vida de Joana D'Arc, verdadeiro martirológio, continuará sendo sempre a fonte inexaurível de supremos consolos a todos os que sofrem neste vale de dor.
Mártir da mediunidade, a sua fé em Deus, o seu amor a Jesus, cujo nome fora a sua derradeira palavra, reavivará a fé nos corações atribulados que a ela Se voltarem.
Formosa flor de Lorena! Donzela santa! Alma Lirial! Destas plagas sombrias e expiatórias, eu, humilde rabiscador destas linhas, saúdo-te ó pastora de Domremy, heroína de Orleans, mártir de Rouen!
CONCLUSÃO
Por que, dirão, Joana teria sofrido tanto? A verdade é que, ninguém sofre se não pecou. Esta é uma das leis divinas que cabia ao Espiritismo revelar aos homens, mostrando-lhes que Deus não é um experimentador de almas, concedendo, a uns privilégios, e a outros martírios.
A reencarnação, ensinada pelo Cristo e sancionada pelo Espiritismo, veio patentear aos homens a misericórdia Divina. Assim é que se numa existência o homem vem a falir, desarmonizando-se com as leis naturais estabelecidas por Deus, outra lhe é facultada, para que ele possa resgatar (mais duramente em virtude da sua reincidência no mal) o passado delituoso, e ascender, assim, a outros mundos mais felizes, que Deus destinou a todas as suas criaturas. Deus não criou estes mundos que gravitam no espaço imensurável, inutilmente. E o Cristo dissera que "nenhuma ovelha do seu rebanho se perderá,", o que equivale dizer: não existe o tão lendário inferno com a eternidade de suas penas.
O que existe, e isto é muito justo, porque se concilia perfeitamente com a justiça de Deus, é a reparação de erros; em seguida, provação, para ficar evidenciado se o pecador incorrerá ou não no mesmo erro; após o que - redenção, uma vez triunfante da prova.
UMA REENCARNAÇÃO PASSADA DE JOANA, SEGUNDO UM ESPÍRITO.
H. de Campos, chamado com justeza o repórter do Além, lançou um pouco de luz sobre a vida da grande personagem de quem acima tratamos.
Das páginas de um de seus livros post-mortem, depreende-se que Joana fora a reencarnação do espírito de Judas Iscariotes.
Não deve causar estranheza aos espíritas, a diferença de sexos dessas duas existências, porquanto, o sexo, conforme nos ensina a Doutrina dos Espíritos, não é mais que um acidente na vida humana, necessário à execução dos desígnios divinos.
O ter sido, Joana D'Arc, a reencarnação do espírito de Judas Iscariotes, conforme revelação do espírito citado deve ser motivo de júbilo, principalmente para os espíritas, porque isso vem demonstrar que o perdão de Jesus concedido a Judas, que o traiu, não foi em vão.
Consoante a concepção católica, Judas é um espírito errante, sem probabilidades de remissão, cuja eterna existência ele arrastará penando.
Assim sendo, perguntamos, de que valeu, então, ter Jesus perdoado a Judas? Felizmente assim não é. O perdão de Jesus não foi inútil. Judas penitenciou-se, pedindo a Deus uma nova existência, cheia de renúncia e de sofrimentos dolorosos, que se epilogou numa fogueira, na pessoa de Joana D'arc.
Que o espírito de Judas Iscariotes, emancipado aos olhos de Deus pelo seu martírio de Rouen, se compadeça dessas infelizes criaturas que, desconhecedoras da lei reencarnacionista, e da misericórdia do Pai ainda queimam - "o Judas de pano" - como desagravo à sua alta traição, ocorrida no passado remoto.
29 de maio de 2012
POR QUE A ORAÇÃO?
Jesus nos recomendou:
Vigiai e orai, para que não entreis em tentação... (Mateus, 26 :41.)
Antes de qualquer comentário acerca do binômio vigilância e oração, convém refletirmos sobre o que é tentação, reforçando os comentários feitos ao Pai Nosso, na pergunta anterior:
Definimo-la como uma impulsão coerciva, um estímulo pernicioso em oposição à nossa consciência, a nos atrair das linhas do equilíbrio para as rampas do comportamento antifraterno e vicioso.
Os motivos que tornam o homem vulnerável à tentação remontam ao acervo das suas experiências anteriores, algumas recentes e outras remotas, oriundas de fases pré-humanas mesmo, onde o psiquismo estagiou, atuando por automatismos biológicos naturais.
Acordando lentamente, o ser, que é portador da consciência, adquiriu o livre-arbítrio, que era ainda uma razão bruxuleante. Nesse processo, o comando da vida, antes entregue a uma potência infinita - Deus - transferiu-se (em parte) para uma potência limitada - a própria razão. Isso não poderia ocorrer sem falhas ou desequilíbrio, já previstos na estrutura da própria Lei, que prevê também os mecanismos de recuperação dos mesmos. Novos papéis e novas funções, que são impositivos da lei de evolução, impõem à consciência o abandono gradual dos estágios iniciais.
E da recusa à incursão nesses novos estágios é que nasce o erro, fixando na memória o que é velho e pouco utilizando os potenciais criativos que determinam o surgimento de faculdades aperfeiçoadas.
Podemos distinguir dois aspectos no processo da tentação: um, o irromper de forças instintivas asfixiando a razão incipiente, como um refluxo se contrapondo ao avanço; o outro, a razão humana deslumbrada com o seu próprio poder, fechando-se sobre si mesma e bloqueando a estimulação divina que determina um avançar contínuo. O primeiro é a tentação sensualista e o segundo, a do orgulho.
Em resumo, podemos dizer que a tentação é a força da inércia, a luta do velho contra o novo; são os estertores da noite ante a madrugada em delineamento.
Contra o despertar da consciência concorre fortemente a influência perturbadora dos Espíritos inferiores, em antagonismo à inspiração dos bons, por inveja, para fazer com que outros experimentem o sofrimento com que se deparam. É nesse sentido que precisamos dirigir esforços para reprimir a ação dessas Entidades infelizes que estão continuamente tentando arrastar-nos à repetição dos equívocos, cujas matrizes ficaram estratificadas no inconsciente.
Depois dessa digressão, podemos compreender e avaliar melhor o vigiai e orai preconizado por Jesus.
A oração é o pensamento do homem em comunhão com Deus, é um acender de luzes na antecâmara da alma. Vigilância é cuidado, atenção para com os nossos pensamentos e reações a fim de que, fiscalizando as nascentes do coração, possamos agir tão logo percebamos as manobras da tentação. Juntas, oração e vigilância, constituem o mais poderoso antídoto contra o mal.
Ademais ensinam os Espíritos (...) Aquele que ora com fervor e confiança se faz mais forte contra as tentações do mal e Deus lhe envia bons Espíritos para assisti-lo. (O Livro dos Espíritos, questão 660.)
Os Espíritos Superiores, nesse passo, nos acrescentaram um conhecimento novo: a oração como chave que abre as portas da cooperação. Através dela, Deus permite que os bons Espíritos, os que vão na dianteira do progresso, nos auxiliem o esforço atual.
Bendita a lei do amor que a tudo rege!
Vencemos o empuxo da retaguarda, estamos prontos para avançar na direção dos rumos novos que nos acenam na estrada da evolução. Ainda é no carro da oração que deveremos estar para que a viagem se faça mais célere e agradável.
Manoel Philomeno de Miranda
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