terça-feira, 22 de outubro de 2013

A MORTE DE Giuliano Gemma


Aos 75 anos, morre ator Giuliano Gemma, um símbolo do western italiano

Italiano tornou-se conhecido por westerns nos anos 1960, e não resistiu a ferimentos causados por um acidente de carro

01 de outubro de 2013 | 18h 11
Luiz Carlos Merten - O Estado de S. Paulo
Cinéfilos que hoje reverenciam os spaghetti westerns de Sergio Leone não dão conta de que, nos anos 1960, seus filmes não desfrutaram imediatamente da reputação que hoje ostentam. Os críticos torciam o nariz para o que consideravam os ‘excessos’ operísticos de Leone e de seu compositor, Ennio Morricone. E o público, pelo menos no Brasil, não estava muito interessado no Estranho sem Nome criado por Clint Eastwood. O público preferia um certo Montgomery Wood, que, na verdade, era Giuliano Gemma. No Brasil inteiro e também na América Latina e muitos países da Europa, as plateias preferiam O Dólar Furado, que também tinha uma trilha quer marcou época – e aqui ganhou uma versão ‘romântica’. Começava assim – “Se tu não fosses minha, como és...”
Giuliano Gemma - Divulgação
Divulgação
Giuliano Gemma
Giuliano Gemma morreu nesta terça, 1.º, em Cerveteri, próximo de Roma, aos 75 anos, que completou em 2 de setembro. Foi uma morte trágica, provocada por um acidente de carro. De porte atlético, e era um atleta, ele apareceu sem muito brilho em comédias que exploravam sua aparência física, incluindo duas de diretores importantes – Veneza, a Lua e Você, de Dino Risi, e A Casa Intolerante, de Mauro Bolognini. Você é capaz de duvidar, mas ele foi extra em Ben-Hur, de William Wyler. Sua primeira grande oportunidade foi em 1962, quando Duccio Tessari fez Arrivano I Titani, que no Brasil se chamou Os Filhos do Trovão. Vale reportar-se ao cinema italiano da época. Havia os grandes autores, Federico Fellini, Luchino Visconti e Michelangelo Antonioni, mas no fim dos anos 1950 e início dos 60, a tendência dominante na indústria italiana eram os épicos mitológicos. O veio se esgotava quando Tessari fez a sua paródia com Giuliano Gemma na pele de Krios, que os deuses do Olimpo enviam a Creta para derrotar tirano que está acabando com a população.
O público adorou o jovem Giuliano Gemma, que formava um belo par com Jacqueline Sassared. E o filme era bem-humorado, tinha ritmo, inventividade. Catapultado a uma posição de destaque, Gemma travestiu-se de astro americano e, com o pseudônimo de Montgomery Wood, estrelou um simulacro de faroeste que arrebentou nas telas. O Dólar Furado, de 1965, abriu uma tendência que prosseguiu por uma boa década, talvez menos. Wood/Gemma fez muitos filmes do gênero – Uma Pistola para Ringo, Dias de Ira etc. Em 1963, Luchino Visconti, precisando de um ator belo e carismático para encarnar o jovem Garibaldi, fez dele um dos atores de O Leopardo, mas a participação foi reduzida a quase nada na versão hollywoodiana, cortada e remontada, que circulou em todo o mundo.
Foi em 1965, quando filmava Uma Pistola para Ringo, que conheceu a mulher, Natália Roberti. Viveram juntos por 30 anos, até a morte dela, em 1995. Tiveram duas filhas, uma delas, Vera Gemma, também atriz. Giuliano Gemma estava casado com Baba Richerme. Quando a carreira no cinema entrou em colapso, ele passou a fazer TV, mas, nos últimos anos, descobrira um outro talento e jurava que sua vocação era ser escultor. Ganhou elogios de críticos por sua nova atividade, mas, no imaginário do público, ele é eterno como o herói mitológico de Os Filhos do Trovão ou o pistoleiro de O Dólar Furado.
Giuliano Gemma chegou a ser conduzido ao hospital após o acidente, mas não resistiu aos ferimentos. Restam agora, dos mocinhos lendários do spaghetti western, Franco Nero e o xerife Clint.

JOHN WAYNE



O grande cowboy
Em 26 de maio de 1907, nasceu um dos cowboys mais populares dos filmes de faroeste. O ator e diretor americano John Wayne teve seu primeiro grande trabalho em No Tempo das Diligências, clássico de John Ford rodado em 1939. Em 1969, recebeu o Oscar de melhor ator por Bravura Indômita, também dirigido por Ford.

QUAL A DIFERENÇA DO FAROESTE NORTE AMERICANO?



FAROESTE ITALIANO? COMO ISSO É POSSIVEL?

QUAL A DIFERENÇA DO FAROESTE NORTE AMERICANO?

Para entender a diferença básica entre os filmes de faroeste feitos nos Estados Unidos e os faroeste feitos na Europa, é necessário viajar até a decada de 60.
Nesta década, os estúdios da cinecita em roma estavam com problemas para relocar toda a estrutura que foi utilizada para fazer filmes épicos, tais como : Hércules, Sansão e Dalila, Cleópatra, Ben Hur, etc.
Os filmes épicos estavam fora de moda, mas a estrutura de figurinos, atores, cenários, etc... Estavam prontas para serem utilizadas, seria uma catástrofe desativar todas essas empresas preparadas para fazer cinema.
Foi neste momento que os italianos, espanhois e alemães começaram a fazer filmes de faroeste e, acredite, até aqui no Brasil também foram produzidos alguns faroestes.
O foroeste apesar de estar em baixa, era uma alternativa mediana para manter a tal estrutura funcionando.
Então, entre os anos de 1965 até 1975 foi o momento mágico para os foroestes feitos na Europa.
A maioria das cenas externas eram feitas no sul da Espanha na região de Almeria e as cenas internas nos estúdios da cinecita em Roma - Itália. Incrívelmente a grande maioria do público pensa que estes filmes foram feitos no oeste Norte Americano, mas na verdade foram filmados na Europa.
E foram exatamente os italianos que sairam na frente. Sérgio Leone, Enzo Castelari ,Sérgio Corbuci e tantos outros usaram e abusaram da sua visão sobre o tema faroeste.
Unindo os melhores técnicos em fotografia e os melhores roteiristas deram uma reviravolta espetacular em um tema já desgastado que era o faroeste.
Por serem feitos por italianos, estes faroestes foram apeliados de:
Western Spaguetti ou Bang-Bang à italiana.
Pra se ter uma ideia de como é natural algumas pessoas acreditar que foi realmente feito nos Estados Unidos, ocorreram filmes que em algumas cenas foram filmadas realmente em territorio Norte americano.
Veja por exemplo 3 curiosidades nos bastidores do Filme "Era uma Vez no oeste":
1- A cena externa em que Claudia Cardinale percorre com uma carroça o Gran Valley, no deserto do estado de Nevada e Utha , é realmente feita nos Estados Unidos.
Porém , todas as demais cenas foram gravadas no sul da Espanha.
2- Na sequência dessa mesma cena ela entra em um saloon no meio do deserto a qual a cena interna foi gravada,por incrivel que pareça, em Roma.
3- Quando os pistoleiros de Cheyenne ( capatazes do ator :Jason Robards ) entram nesse mesmo saloon, levanta uma enorme poeira vermelha típica do deserto.
Mas como ? Nao existe terra vermelha de deserto em Roma, nao é mesmo?
É que Também, por incrivel que pareça, foi colocado terra do deserto dos Estados Unidos dentro de tambores e posteriormente jogadas por ventiladores no site de filmagem em Roma.
Veja as 6 diferenças básicas entre um filme de faroeste feito nos Estados Unidos e na Europa:

1- TRILHA SONORA:

E.U.A.:

Mais parecido com musicas utilizadas em circo, isto é : nao tem um ritmo ou sequencia que possa ser lembrado fora do espetaculo ao ponto de dificilmente lembrarmos de alguma trilha sonora hoje em dia.

ITALIA:

Transcende o filme e pode ser ouvida a qualquer momento.
São trilhas que empurram qualquer homem pra frente estimulando-o a enfrentar os problemas do dia a dia com entusiasmo e coragem.
Com certeza a musica que voçe conhece ou já ouviu foi feita por italianos.
E neste particular o maestro italiano Ennio Morricone é o maximo.
Um breve resumo sobre o magnifico maestro Italiano:Ennio Morricone:
“tento não compor exclusivamente para um único filme”, “parto do princípio que a música tem que valer a pena dentro do filme e fora dele”.
Para o compositor o filme deve ser uma fonte de inspiração e de estímulo, da mesma maneira que os afrescos em tempos antigos.
Eles eram pintados dentro das catedrais; se levados para fora da catedral, para dentro de um museu, eles continuam sendo pinturas monumentais.
Voltando para a música, as “cantatas” de Bach, escritas para serem executadas nas igrejas, tinham ao mesmo tempo um grande valor artístico fora dos serviços religiosos.
Música também tem que ter sobrevivência independente e, ser agradável de apreciar, sem a presença de um filme na tela.
Para entender e conhecer quem é este magnífico maestro (Ennio Morricone) é necessario navegar nestes 2 links:
  1. Ennio Morricone.
  2. Rádio Cowboys (Algumas trilhas sonoras feitas por Ennio Morricone).

2-FIGURINO:

E.U.A.:

Colete, camisa quadriculada, chapéu com as abas laterais virada pra cima. Tudo isso muito limpo e arrumado.

ITALIA:

Poucos coletes, poucas camisas quadriculadas, muito sobretudo, chapéu com abas laterais retas, e poucas roupas coloridas . As cores marrom, branco e preto e cinza era o predominante, exatamente como era no século 19.
Alem disso ,tudo muito empoeirado, sujo e muito usado, exatamente como era na vida real neste período da conquista do Oeste.
Veja o texto sobre o personagem "Trinity "interpretado pelo ator italiano Mario Girotti nascido em Veneza no dia 29 de março de 1939, internacionalmente conhecido como Terence Hill:

"Surgido em pleno auge da contra-cultura, Trinity se apresenta como um típico hippie vagabundo, vestindo roupas rasgadas e coberto de poeira do deserto dos pé à cabeça. Para as longas travessias pelo Oeste, ele preparou uma espécie de cama-esteira, puxada pelo seu obediente cavalo que comia a refeiçao na mesma panela ao mesmo tempo."

3-ROTEIROS:

ROTEIRO 1 (ROTEIRO PURO):

E.U.A.:

Roteiros/textos longos entre os personagens.

ITALIA:


Roteiro/textos curtos entre os personagens,exatamente com era neste período.
E era assim por 3 motivos básicos:
  1. os colonizadores eram pessoas humildes para ficar falando demais;
  2. falar demais nesta época era se expor ao perigo, pois, denunciava seu poder de armamento, terras, ouro e gado.
  3. os colonos deste período tinham pouco domínio da lingua inglesa.

ROTEIRO 2 (DOMÍNIO DA LÍNGUA INGLESA)

E.U.A.:

Mesmo com o sotaque típico das pessoas do Centro-Oeste e do Oeste, nos filmes eles falam um inglès perfeito.

ITALIA:

Como seria possível um país colonizado neste períiodo por italianos, alemães, poloneses, suecos, russos, chineses, etc... Estar falando um inglês perfeito?
A exemplo do que aconteceu aqui no Brasil, estes colonizadores falavam muito bem, evidentemente, a língua do seu pais de origem.
É muito comum, ainda hoje, aqui no Brasil, encontrarmos pessoas que o português carregado com o sotaque do seu país de origem, isto é : italiano, alemão,japonês, polonês, etc... Imagine ha mais de 100 anos atrás.
Mais um bom motivo para falarem menos e utilizar os olhares e mímicas.
Obs: observe nos filmes do diretor italiano Sérgio Leone,por exemplo, que os "closes" nos olhares dos atores falavam mais alto que qualquer palavra dita.

4- DIREÇÃO:

E.U.A.:

As câmeras de filmar estão praticamente na altura do ombro do cameraman.
Os cortes das cenas, é notorio ao ponto de podermos perceber que são os dublês que estao em cena.
Os movimentos das câmeras nos induzem a já prever o que vai acontecer na cena seguinte.

ITALIA:

1. os movimento das câmeras transmitem suspense até o último minuto do filme e as câmeras estão praticamente em 3 lugares:

NO CHÃO:

Valorizando em primeiro plano as botas, as esporas e os cascos dos cavalos etc...

Na altura da cintura do ator:

Valorizano em primeiro plano tanto de frente quanto de trás, que foi ator que realmente sacou e atirou.
Mostrando a destreza do ator e valorizando o ícone do velho oeste: o revólver Colt 45 e seu incrivel poder de fogo.

CLOSE NOS OLHOS DOS ATORES:

Afinal, o corpo pode mentir, mas o olhar jamais.
São nesses closes nos olhares dos atores que valorizava-se a arte mais clássica: a mímica.
E nesse caso, a comunicaçao da mímica era clara: "caia fora da daqui agora ou saque sua arma."

5-CARACTERÍSTICAS DOS ATORES:

E.U.A.:

O mocinho: está sempre com a barba bem feita, os cabelos bem cortados, usa brilhantina, chapéu e roupas sempre limpos, armas e coldres impecáveis.
O bandido: está sempre sujo, a barba por fazer, cabeludos, usa roupas sujas.
Dessa forma, o filme torna-se previsível, pois, no primeiro minuto do filme já fica claro quem é o mocinho quem é o bandido

ITALIA:

Tanto o mocinho quanto o bandido estão sujos, com roupas sujas, barbas a serem feitas e cabeludos, mostrando como eram realmente as pessoas do velho oeste.
Por consequência, saber quem é o mocinho ou bandido, só assistindo o filme até o final.

6-A QUESTÃO DO ÍNDIO:

E.U.A.:

Até o final da decada de 60, era muito comum nos filmes, os índios serem os bandidos / vilões, e os brancos os mocinhos, os herois. Inclusive a frase do general custer, da lendária sétima cavalaria: "Indio bom é indio morto", era repetida sem constrangimento por alguns brancos norte americanos.

ITALIA

É muito raro num faroeste italiano de nível, a imagem do índio ser explorada como a imagem de um bandido, aliás, é contra a cultura européia.


Texto: Emilio Dalçoquio

Fonte:
1. Diversas matérias (vídeos, jornais, livros, sites) especializados sobre esse tema;
2. Depoimentos gravados de:
   a. Sr. Christopher Frayling (Escritor de livros sobre Faroeste Italiano (Western Spaghetti), bem como a biografia de Sergio Leone);
   b. Alberto Grimaldi (Produtor de filmes Italianos);
   c. Eli Wallach (Ator Estadunidense);
   d. Franco Nero (Ator Italiano);
   e. Clint Eastwood (Ator/diretor/produtor de filmes Estadunidenses)

OS 10 FILMES DE FAROESTE ITALIANOS QUE VALE A PENA ASSISTIR:

* Em laranja são os nomes originais dos filmes em italiano.
  • Era uma vez no oeste - C` ERA UNA VOLTA IN WEST (Charles Bronson)
  • Por uns dolares a mais - PER QUALCHER DOLLARO IN PIU (Clint Eastwood)
  • Keoma - Keoma (Franco Nero);
  • Ringo - Ringo (Giuliano Gemma);
  • Django - Django (Franco Nero) ;
  • Trinity ainda é meu nome - CONTINUAVANO A CHIAMARLO TRINITÁ (Terence Hill);
  • Meu nome é ninguem - IL MIO NOME É NESSUNO (Terence Hill);
  • O dolar furado - IL DOLARO BUCATO (Giuliano Gemma);
  • Tres homens em conflito - The Good The Bad and The Ugly - IL BUONO, IL BRUTTO IL CATTVO (Clint Eastwood) ;
  • Companheiro - COMPANERO (vamos a matar companheiro) (Franco Nero).