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Na
Batalha de Marengo (
14 de junho de
1800) as forças da
Primeira República Francesa de
Napoleão Bonaparte forçaram o recuo dos
Habsburgo austríacos comandados pelo general
Michael von Melas, que havia atacado de surpresa as cercanias da cidade de
Alessandria, no
Piemonte,
Itália. A vitória napoleônica expulsou os austríacos do território que é hoje o norte da Itália e aumentou o prestígio bélico do general francês.
Antecendentes
No
outono de
1798 uma
Segunda Coligação foi formada, pela
Rússia,
Áustria,
Inglaterra,
Turquia,
Portugal,
Nápoles e o
Papado, para romper os grilhões daquele tratado de paz.
Napoleão Bonaparte estava no
Egito e, quando voltou, o destino da
França estava ameaçado. Os exércitos em campanha estavam grandemente desfalcados, o tesouro vazio e o recrutamento era cada dia mais difícil.
Bonaparte, que já havia derrubado o
Diretório e se tornado Primeiro Cônsul, ordenou a formação em
Dijon de um Exército de Reserva, composto exclusivamente por tropas territoriais. Contudo, não o utilizou para reforçar seu teatro principal, ou seu exército principal do
Reno. Em lugar disso planejou a mais ousada de todas suas ações indiretas: uma investida ao longo de um imenso arco que se prolongava até à retaguarda do exército austríaco na
Itália.
Enquanto isso Napoleão mandou o general
Jean Victor Marie Moreau tomar a ofensiva e entrar na
Alemanha a fim de deter o movimento do exército austríaco da Itália, que já tinha chegado a Génova. Todo o exército do Reno deveria reunir-se na Suíça e atravessar o Reno à altura de
Schaffhausen, o movimento da esquerda do exército para a sua direita sendo encoberto pelo Reno, e em todos os outros pontos ficando preparado com bastante antecedência, para que o inimigo não tenha conhecimento disso. Lançando quatro pontes ao mesmo tempo no monte de Schaffhausen, todo o
exército francês deveria atravessar em vinte e quatro horas, atingir
Stockach e dominar a esquerda do inimigo, tomando pela retaguarda todas as fortalezas austríacas entre a margem direita do Reno e os desfiladeiros da
Floresta Negra. Em seis ou sete dias depois de iniciar a campanha, o exército ficaria diante de
Ulm. As unidades austríacas que conseguissem escapar tornariam a entrar na
Boémia. Assim, o primeiro movimento da campanha resultaria em separar o exército austríaco de
Ulm,
Philippsburg e
Ingolstadt e dar às forças francesas a posse de
Württemberg, toda a
Suábia e toda a
Baviera.
Campanha
A Áustria já havia forçado o pequeno "Exército francês da Itália" a recuar até quase a fronteira da França e já o encurralava no canto noroeste da Itália. Bonaparte planejava movimentar-se através da
Suíça, até Lucerna ou Zurique, e, em seguida, descer para o interior da Itália até ao passo de
Saint Gothard ou mesmo o
Tirol. A notícia de que o "Exército da Itália" estava sofrendo forte pressão, todavia, levou-o a tomar o caminho mais curto pelo passo de Saint Bernard. Quando emergiu dos Alpes em
Ivres, na última semana de maio de 1800, ainda se encontrava à frente do exército austríaco. Em vez de avançar para sudeste, diretamente em socorro de
Masséna, que estava encurralado em
Génova, Bonaparte enviou sua vanguarda para o sul, até
Cherasco, e protegido por essa ação divisionária dirigiu-se com o grosso de suas tropas para
Milão.
Assim, em lugar de avançar para enfrentar o inimigo desdobrado no que ele chamava de "posição natural", deslocou-se na direção oeste de Alexandria e colocou-se em uma "posição natural" na retaguarda dos austríacos, obtendo aquele apoio estratégico ou barragem, que ele considerava como o objetivo inicial das manobras mortais que executava contra a retaguarda inimiga. Tal posição, oferecendo obstáculos naturais, proporcionava-lhe um apoio seguro de onde podia preparar uma armadilha para o inimigo, cuja tendência instintiva, quando isolado de sua linha de retirada e de suprimento, era recuar, lentamente, à sua procura. Essa concepção de barragem estratégica foi a principal contribuição de Bonaparte para a estratégia da ação indireta. Em Milão fechara uma das duas rotas de retirada dos austríacos e agora, estendendo sua barragem, do sul do
Pó até o desfiladeiro de
Stradella, bloqueava, também, a outra. Aqui, porém, sua concepção superava a possibilidade dos meios de que dispunha, cerca de 340.000 homens, pois, devido à relutância de Moreau, o corpo de 15.000 homens que mandara vir do Exército do Reno pelo passo de Saint Gothard estava atrasado. A preocupação pela fraqueza de sua barragem já começava a afligi-lo quando nessa conjuntura Génova capitulou eliminando, assim, seu agente "fixador".
A incerteza quanto à rota que os austríacos seguiriam e o temor de que pudessem retirar-se para Génova onde a marinha britânica poderia abastecê-los, levou-o a abandonar grande parte da vantagem até então obtida. Com efeito, atribuindo aos seus adversários muito mais iniciativa do que realmente seriam capazes, abandonou sua "posição natural" no
Stradella e avançou para oeste a fim de observá-los, ao mesmo tempo que destacava
Desaix para que, com uma divisão, cortasse a estrada que liga
Alessandria a
Génova. Assim foi apanhado em situação desvantajosa, dispondo somente de parte de sua força, quando os soldados austríacos comandados por Melas cruzaram o rio Bórmida irromperam de Alessandria e atacaram repentinamente Napoleão nas planícies de Marengo a
14 de junho de
1800.
Napoleão pensou que era apenas uma pequena divisão. Mas era o grosso do exército da Áustria: 25 mil soldados, cinco mil cavaleiros e mais de cem canhões. Os franceses contavam com 20 mil homens, dois mil cavaleiros e apenas quinze canhões.
Só no final da manhã Bonaparte percebeu a situação e enviou seu ajudante-de-ordem a
Desaix onde quer que estivesse, com a mensagem: “Eu havia pensado em atacar Melas. Ele me atacoou primeiro. Pelo amor de Deus, venha se ainda puder.”
Às 15 horas, as tropas dos generais franceses Victor e Lannes, quase sem munição, recuaram. Ao notar a debandada, Melas se retirou do campo de batalha para reportar a vitória ao imperador da Áustria. Contudo, para a sorte de Bonaparte, a noticia da Batalha em Marengo chegou até a uma das divisões. Às três horas chegou
Desaix, que adicionou 10 mil homens ao exército francês. A retirada foi suspensa, e os austríacos, novamente contidos.
Desaix avançou então com a sua divisão de brigada, combinando perfeitamente o bombardeio da
artilharia com a investida da
infantaria. Os austríacos foram apanhados de surpresa, mas resistiram tenazmente. Logo um dos carros de artilharia austríaca explodiu com um estrondo que abalou a terra e o moral austríaco.
Foi a chance para a
cavalaria entrar em açâo. Eram pouco mais de 17 horas quando os franceses comandados pelo general Kellerman precipitaram sobre o flanco dos granadeiros austríacos quando se preparavam para recarregar as armas. Essa inesperada carga de cavalaria que irrompeu pelo flanco esquerdo do exército austríaco, incumbida de liquidar o que restava das tropas francesas foi decisivo para a vitória na batalha.
Marengo se transformou de uma derrota certa em uma grande vitória. Mas ela teve um preço:
Desaix. Ele morreu alvejado no peito.
Espantados, os austríacos bateram em retirada ou, simplesmente, se renderam, tendo quarenta canhões capturados e cerca de oito mil homens feitos prisioneiros - entre eles o general Anton Zach, que comandava a perseguição. No dia seguinte, o exército austríaco se comprometeu a evacuar a
Itália.
Pouco depois da vitória na batalha de Marengo, Napoleão retornou rapidamente para a França que estava em pleno caos.
Depois da batalha
O triunfo militar dos franceses em Marengo, por si só, não bastou para os austríacos suplicarem a paz. Apesar do eloquente apelo pessoal que Bonaparte lhe enviara do campo de batalha, o Habsburgo Fran tergiversou. Em teoria, a aliança de
Francisco I com a
Grã-Bretanha, o impedia de concluir uma paz separada; mas como Bonaparte se recusava a negociar com a Grã-Bretanha e a Áustria ao mesmo tempo — e de todo modo o ministro Pitt não estava disposto a jogar a toalha, os austríacos não tiveram escolha. Enviaram o leal Cobenzl para abrir negociações dilatórias em em Lunéville (na Lorena).
Em dezembro, porém, mais um general austríaco (o arquiduque João, irmão do imperador) foi esmagado pelo general Moreau na
batalha de Hohenlinden na Alemanha. Com as tropas de Moreau preparando-se para marchar sobre Viena, e com Masséna efetuando uma operação de limpeza na Lombardia, Cobenzl passou a negociar a sério. A Áustria implorou condições — e saiu, é claro, em pior situação por ter esperado. Quando se estava a chegar a uma solução em Lunéville (
inverno de
1801), o governo Pitt cai e foi sucedido pelo governo de Henry Addington. Os diplomatas negociaram primeiro Londres, depois na cidade de Amiens, no norte da França — José representando a República; lorde Cornwallis, famoso por sua rendição em Yorktown, a Grã-Bretanha. Desavenças em torno do controle do Egito levaram à interrupção das conversas por tempo — o primeiro-cônsul insistia em ter permissão para reforçá-lo; os britânicos recusavam. Os tratados de Lunéville (1801) e Amiens (1802) foram apenas os pontos altos de um notável conjunto de acordos firmados todos nessa época entre a França e oito diferentes países. Juntamente com a Concordata firmada com o papa
Pio VII, eles equivaleram a um
summum bonum que deu a Bonaparte uma reputação como pacificador quase tão grande quanto à que tinha guerreiro. A França obteve alguns ganhos territoriais expressivos em seus domínios coloniais. Mas essencialmente, a França aumento o seu status de Grande Potência.
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