quarta-feira, 20 de março de 2013

A TERRIVEL RETIRADA DO BEREZINA DOI Q SOBROU DO EXERCITO DE NAPOLEAO




O horror, na retirada em Berezina
Entre as passagens mais dramáticas da retirada, na campanha da Rússia, está a travessia do Berezina, em 25 de novembro de 1812. Formados do lado direito do caminho para Borissov, cidade às margens desse rio, os 20 mil homens do corpo de reserva aguardavam o Grande Exército. Napoleão deixara Moscou em 19 de outubro.

Os soldados - artilharia e cavalaria intactas - esperavam. De súbito, apareceu uma fileira de espectros recobertos de barro, trajando vestes inomináveis. Andavam em silêncio. Seguiam-se viaturas desengonçadas, cheias de feridos. Era o que restara do Grande Exército. Na margem direita do rio Berezina e na esquerda - o lado em que se encontrava Napoleão - 120 mil russos iriam juntar suas forças, fechando o bote.

Napoleão contaria com não mais de 30 mil combatentes realmente aptos. Parecia impossível que o Grande Exército conseguiria escapar. Na noite de 25 de novembro, o imperador examinara a ponte de Borissov, que apresentava rupturas em três pontos. Em frente, na margem direita, as baterias do almirante Tchitchakov mantinham sob fogo pesado o local. Ninguém pensava em fazer a travessia ali, mas havia que iludir os russos quanto a uma tentativa de reconstrução da obra, enquanto se fazia uma outra passagem. Um oficial descobriu que havia uma opção, a cinco léguas de Borissov, na aldeia de Studianka, onde poderia ser erguida uma ponte sobre cavaletes. Assim foi feito. Os russos caíram no ardil. Napoleão garantiu a margem direita, com 400 homens. Na manhã do dia 26, a ponte ficou pronta e os soldados começaram a atravessar. A maioria, porém, recusou-se a fazê-lo, animada por encontrar na aldeia pão e madeira para fogo. Quando o dia amanheceu - 27 de novembro - os retardatários apressaram-se. Todos queriam passar ao mesmo tempo.

Muitos foram pisoteados, outros caíram para a morte nas águas gélidas do Berezina, sob um frio de 20 graus negativos. Em outros pontos, unidades tratavam de conter as dos russos, sem nenhuma ajuda. No dia 28 outras levas passaram. Em 29 de novembro, os que restaram fizeram o caminho em pânico, sob a temperatura que caíra a 30 graus negativos. Alguns dias mais tarde, em 5 de dezembro, em Smorgoni, o imperador deixaria a horda para retornar a Paris.

André Castelot é historiador e escritor
Tradução de Roberto Espinosa
J. Lucas-Dubreton é escritor.
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