A Guilhotina e a Pena de Morte
By Aislin G
A Guilhotina*
Uma alta porta sem porta, um batente vazio. No alto, suspensa, a lâmina mortal.
Teve vários nomes: a Máquina, a Viúva, a Barbeadora. Quando decapitou o rei Luís, passou a se chamar Luisinha. E finalmente foi batizada, para sempre, de Guilhotina.
Em vão foram os protestos de Joseph Guillotin. Mil vezes alegou que não era filha dele essa carrasca que semeava terror e atraía multidões. Ninguém escutava as razões daquele médico, inimigo jurado da pena de morte: dissesse o que dissesse, todo mundo continuava acreditando que ele era o pai da atriz principal do espetáculo mais popular das praças de Paris.
E todo mundo também acreditou, e continua acreditando, que Guillotin morreu guilhotinado. Na verdade, ele exalou o último suspiro na paz do leito, com a cabeça bem colada no corpo.
A guilhotina trabalhou até 1977, quando um modelo ultra-rápido, de comando elétrico, executou um imigrante árabe no pátio da prisão de Paris.
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