Quem era Jack, o Estripador?
Whitechapel, um dos bairros mais pobres de Londres, agosto de 1888. Às 3h45 da madrugada, dois homens subiam a viela quando avistaram o cadáver de uma mulher com a garganta cortada e o vestido arregaçado acima do estômago. Após as análises de um médico-legista, constatou-se que a arma do crime era uma faca de lâmina longa, pouco afiada, e que o assassino era canhoto.
A vítima era um prostituta de 43 anos chamada Mary Ann Nichols e apelidada de Polly. O caso de Polly deixou a polícia perplexa: não houve roubo, nem violação, nem sinais de luta, nem gritos, e encontrou-se pouco sangue no local do crime. Oito dias depois, em 8 de setembro, a descoberta do corpo de Annie Chapman no pátio de uma pensão de Hanbury Street, por volta das 6 da manhã, teve o efeito de uma bomba. Ela era conhecida como “Dark Annie”, tinha 47 anos e também se prostituía.
O doutor Phillips, encarregado da autópsia, se baseou na rigidez do cadáver para determinar a hora do crime: por volta das 4 horas da manhã. Suas conclusões foram contrárias por uma testemunha, que ouviu um grito e ruídos de luta e de queda às 5h30 da manhã, ou seja, o crime foi cometido de dia.
O que chamava a atenção, era o fato de o cadáver estar apoiado contra uma cerca de madeira, o vestido erguido acima dos joelhos, os intestinos haviam sido colocados sobre o ombro esquerdo, e o útero, desaparecido, bem como uma parte da vagina e da bexiga.
O extremo leste da capitão inglesa era repleto de operários famélicos, desempregados, prostitutas e mendigos. Whitechapelera o bairro mais propício para o crime nesta região. Ali funcionavam 60 bordéis, sórdidos em sua maioria, porém menos perigosos para suas pensionistas do que as vielas sem iluminação onde as prostitutas ocasionais, as doolymops, vendiam seus encantos. Polly e Dark Annie estavam entre estas.
Aquele que foi inicialmente chamado de “Jack, o Estrangulador”, por sufocar as vítimas antes de mutilá-las, cristalizou as angústias de uma sociedade assombrada pelo medo da sexualidade de da morte. Os comerciantes de Whitechapel organizaram um comitê de vigilância para patrulhar o bairro durante a noite. Os jornalistas e seus leitores inventaram meios de rastrear o assassino. E foi nesse clima de neurose crescente que houve o terceiro crime.
Em 30 de setembro, os londrinos despertaram com os gritos dos vendedores de jornais anunciando, desta vez, um duplo assassinato. A 1 hora da madrugada, um vendedor ambulante,Louis Diemschutz, descobriu diante de sua carroça uma mulher degolada. A vítima era Elizabeth Stride com 45 anos, era alcoólatra e prostituta de origem sueca. Seu corpo, ainda quente, não estava mutilado, o que sugeria que o assassino havia sido surpreendido em pleno “trabalho”. As testemunhas se contradizem, e há dúvidas se esse assassinato foi mesmo cometido por Jack.
Catherine Eddowes foi encontrada 45 minutos após Elizabeth, em Mitre Square. A garganta estava dilacerada, os intestinos sobre o ombro direito, orelha direita cortada, vísceras expostas, o útero e o rim haviam desaparecido. O doutor Phillips, que novamente estava encarregado da autópsia, indicou que a arma era mais uma vez uma faca de lâmina longa.
Desde o anúncio do duplo crime, milhares de pessoas se dirigiram aos locais dos locais, e a emoção atingiu o auge quando o chefe da Agência Central de Notícias havia recebido, em 27 de setembro, uma carta assinada por “Jack, o Estripador”.
O assassino fazia ironias com as confusões desajeitadas da polícia e informava que ele ia “retomar o trabalho” e cortar as orelhas de sua próxima vítima! Um cartão-postal escrito com uma letra diferente, recebido em 1º de outubro, anunciou o duplo assassinato. Uma terceira carta foi enviada ao presidente do comitê de vigilância com um pedaço do rim de Catherine Eddowes.
Em 9 de novembro Jack atacou de novo, não na rua, mas sim dentro de um quarto, situado em uma pensão de Miller’s Court. A vítima era Mary Jane Kelly, uma bela ruiva de 25 anos, origem irlandesa e que também era prostituta. Mary Jane Kelly foi descoberta às 10h45 por um homem que fora receber o aluguel. Em sua casa, deitada de costas, ela estava com a garganta dilacerada, as orelhas e o nariz cortados e o corpo retalhado. O útero, os rins e um dos seios foram colocados sob a cabeça, o outro seio perto do pé direito, o fígado entre os pés, e pedaços das coxas e do abdome empilhados sobre a mesa de cabeceira. O coração havia desaparecido.
CASO ENCERRADO
Três suspeitos foram detidos: Aaron Kominski, cabeleireiro judeu polonês, maníaco sexual, preso em 1890; Montague John Druitt, advogado fracassado que a polícia qualificava como médico, e cujo corpo foi encontrado no rio Tâmisa em 31 de dezembro de 1888 – o que explicaria o fim dos assassinatos; e por fim, Michael Ostrog, um russo fugitivo da Justiça, cuja presença nos locais dos crimes nunca foi comprovada. Em 1892 o caso foi encerrado com constatação de fracasso.
Vários detetives deixaram registros das investigações. Os inspetor Abberline permaneceu fiel à tese de que Jack era um médico louco alimentando um mercado clandestino de órgãos. Sir Robert Anderson, chefe do Departamento de Investigação Criminal, declarou que o assassino era conhecido, mas as provas para processá-lo eram insuficientes: seria um Judeu polonês protegido por sua comunidade. O escritor Arthur Conan Doylechegou a falar em enfermeira conhecida por seu ódio às prostitutas.
O caso estava oficialmente encerrado e foi aí que tudo começou! O caso foi alimentado pela imprensa que enchia de felicidade jornais e revistas. O fascínio pelo sangue e pelos crimes sexuais alimentava também um literatura de terror, já ilustrada por Drácula ou pelo doutorFrankstein. Até a Segunda Guerra Mundial, centenas de romances e diversos filmes se alimentaram dessa história, que deve seu sucesso ao fato de a identidade de Jack, o Estripador, ser um mistério até hoje.
Adaptado da Revista História Viva
Que loucura!!!
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