quinta-feira, 22 de agosto de 2013

SOB A MIRA DO MAIOR ATIRADOR DA HISTORIA


Sob a Mira do Maior Atirador da História

Perspicaz e ágil como uma águia, Simo Häyhä — A Morte Branca — aterrou o imaginário dos soldados do gigantesco exército de Stalin que invadira a pequena Finlândia em 1939. Simo defendeu seu país, inspirou seus compatriotas e — em pouco mais de 100 dias — conduziu mais de 700 soldados soviéticos aos eternos túmulos de gelo da mãe nórdica. Equipes especiais foram constituídas para caçá-lo, mas nenhuma sobreviveu, barragens de fogo incendiaram a neve, mas nada lhe aconteceu. Häyhä sofreu apenas um disparo — na cabeça e, incrivelmente, sobreviveu e matou seu pretenso algoz.
simo-hayaEm novembro de 1939, tropas soviéticas marcharam sobre a Finlândia deflagrando a Guerra de Inverno (1939-40). Um homem chamado Simo Häyhä, que já havia servido seu período militar obrigatório, foi readmitido. A Finlândia não teria como suportar o ataque do gigantesco urso soviético, mas poderia  oferecer um verdadeiro inferno boreal ao visitante.
Contra mais de 1 milhão de soldados da União Soviética, 250 mil filhos da Finlândia lutaram por sua amada mãe na derradeira carnificina que ainda jorrava liberdade. Foi aí que Simo Häyhä, um fazendeiro, sobressaiu-se inspirando seus compatriotas ao mostrar inigualável habilidade com seu rifle, um simples Mosin Nagant M28.
Simo nasceu em Rautajarvi, na Finlândia, em 1905. Era um simples fazendeiro como a maioria dos moradores da cidade e tinha o hábito de atirar pelas florestas para matar o tédio. Häyhä conhecia como ninguém a região e inimigo algum estaria seguro nas florestas de gelo ao norte do Mar Báltico, cuja temperatura estava entre 40 e 60 graus a baixo de zero.
Sorrateiramente, Simo teria executado mais de 700 soviéticos em pouco mais de 100 dias. Foram aproximadamente 542 inimigos, utilizando seu rifle sem mira telescópica e neutralizando outros 200 com sua submetralhadora. Há certa confusão sobre os reais números. Neutralizou alvos a mais de 400 metros e tinha uma característica bem peculiar: conseguia atirar melhor sentado que deitado, o que dificultava a identificação da sua posição ao não remexer neve após seu disparo. Embora tropas inimigas tenham sido criadas para lhe caçar, conseguia se mover furtivamente e quase sempre deflagrando apenas um tiro por posição.
Simo_hayha_second_lieutenant_1940
Häyhä depois do balaço na cara.
Daí Moscou endoida, né? Ordens expedidas pelo Kremlin asseguraram acirradas caçadas ao herói finlandês. Diversos grupos counter sniper (franco atiradores utilizados para caçar outros franco atiradores) foram dispersos no seu encalço — o que apenas ampliou as baixas soviéticas. Sem lograr êxito contra o “caipira” das lavouras de gelo, a neve foi incendiada pela artilharia soviética, aviões lançaram bombas e navios cuspiram fogo, mas nada funcionou e a Morte Branca continuou a corromper as fileiras do colossal exército de Stalin.
Simo teria sido baleado apenas uma vez. Incrivelmente, sobreviveu a um tiro na cabeça (que destruiu parte da  sua mandíbula  esquerda), mas, mesmo gravemente ferido, rastreou e neutralizou seu atacante.
Costuma-se dizer que a alcunha “Morte Branca” provém do uso da tradicional camuflagem militar finlandesa aliada ao alto número de mortes. Entretanto, sua origem, na verdade, refere-se aos “Brancos” vitoriosos que lutaram contra os “vermelhos” na Guerra Civil Finlandesa, em 1918. Brancos: anticomunistas;  Vermelhos: comunistas.
Sobre a opção de Simo de não usar miras telescópicas, dizia que elas eram cheias de frescuras e quebravam por qualquer merda. Simo também recusou um modelo de rifle mais avançado por que a mira o faria levantar demais a cabeça para disparar — o que na sua profissão não é recomendado.
Quando lhe perguntaram seu possível segredo, disse que não exista nada em especial. Apenas o amor que sentia pela grande mãe Finlândia. À parte disso, somente o que todo soldado deve conhecer: sua arma, região de atuação e paciência para passar dias inteiros esperando uma boa oportunidade. Teria dito: “Cumpri da melhor forma possível as missões que me confiavam.
A Finlândia ofereceu uma extraordinária resistência aos invasores, mas sua liberdade acabou sufocada pelo enérgico abraço do urso soviético. Entretanto, enquanto a Finlândia chorava a morte de 25 mil de seus filhos, a URSS amargou a perda de mais de 300 mil soldados, mais de 400 mil feridos, uma vergonhosa vitória e a assinatura de um tratado de paz duvidoso.
O miserável (Häyhä) ainda morreu de causas naturais aos 96 anos de idade, em 1º de abril de 2002, na sua tão amada Finlândia.
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