quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

VICENTE CELESTINO


Vicente Celestino - Cantor - Ator - Compositor



O cantor Vicente Celestino homenageado com o título de “A Voz Orgulho do Brasil”, nasceu como Antônio Vicente Filipe Celestino, no dia 12 de setembro de 1894, no bairro de Santa Tereza, no Rio de Janeiro, filho de imigrantes italianos da região da Calábria, na Itália, com pouco tempo no Brasil e onde tiveram dez filhos, cinco mulheres e cinco homens e curiosamente todos os homens da família acabaram seguindo a carreira artística, João tornou-se comediante, Pedro Celestino um tenor, Radamés um barítono, Antônio um baixo e Vicente que se tornou um dos cantores mais populares do Brasil.


Os primeiros contatos musicais de Vicente fora de casa tiveram inicio perto dos seus oito anos de idade, paralelamente ao grupo escolar quando começou a cantar num grupo chamado “Pastorinhas da Ladeira do Viana”, e ao tempo de também aprendia com o pai o ofício de sapateiro. Aos nove anos, em 1903, participou do coro infantil da ópera Carmen de Bizet, que foi realizado no Teatro Lírico, e logo chamou a atenção do cantor tenor italiano Enrico Caruso, que queria levar Vicente para a Itália para estudar canto, mas seu pai não deixou.


Dois anos mais tarde já trabalhava numa fábrica de guarda chuvas e depois foi ser servente de pedreiro, mas logo retornou para continuar a trabalhar com o pai na sapataria, e também entrou para o Liceu de Artes e Ofícios para aprender desenho industrial. Mas, a vida artística propriamente dita de Vicente começou por volta de 1912, quando teve a chance de cantar para um grande público durante a peça “Vida de Artista”, que era encenada pelo “Grupo dos Cartolas”, formados por integrantes do bairro da Saúde.


Empolgado com sua apresentação, passou a cantar em festas e choperias e aos 19 anos de idade resolveu dedicar-se somente à música, quando durante certa apresentação numa casa de chope, chamou a atenção de Alvarenga Fonseca que era o diretor da Companhia Nacional de Revistas, do Teatro São José e assim foi convidado a participar do elenco.

Foto - Vicente ao lado de Chiquinha Gonzaga

Sua estreia aconteceu no dia 10 de julho de 1914, na revista “Chuá-Chuá”, de Estórgio Wanderley e J. Ribas, onde ele fez parte do coro e também cantou a música "Flor do Mal", composição de Santos Coelho e Domingos Correia. Um ano depois, em 1915, conseguiu gravar o seu primeiro disco através da Casa Edison (depois Odeon) no Rio de Janeiro, as músicas "Flor do Mal" e "Os que Sofrem", todas as duas compostas por Alfredo Gama e Armando de Oliveira.

Foto do Museu Vicente Celestino e Gilda de Abreu

Um ano depois já estava em São Paulo onde começou a participar da Companhia Leopoldo Fróis e por esse tempo também cantou na Bahia, Pernambuco e no Rio Grande do Sul. Por essa época gravou outros discos com as músicas "Perdão de um Coração", "Sonhando" e "Feiticeira". Em 1917, passou a atuar na peça "A Avozinha", de Mário Monteiro, no teatro São José no Rio de Janeiro, e ao mesmo tempo começou a estudar canto no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Até 1921, continuou suas atuações em várias operetas, óperas e peças teatrais.


Um de seus primeiros sucessos foi a valsa "Triste Carnaval" de Américo Jacomino e Arlindo Leal em 1922 e um ano depois fundou juntamente com a cantora Carmem Dora uma companhia e com ela excursionou por diversas localidades brasileiras, e nesse mesmo ano voltou novamente a fazer sucesso com a música "Caiuby" de Pedro de Sá Pereira. Em 1924, fez outro sucesso com a música "O Cigano" de Marcelo Tupinambá e Gastão Barroso e em 1927, fez uma grande turnê pelo Norte do país com seus sucessos.


Em 1932, mudou de gravadora e foi para a Columbia onde gravou músicas como "Meu Brasil" e "Noite Cheia de Estrelas" e em 1933, casou com a atriz e cantora Gilda de Abreu e com ela, nesse mesmo ano participaram da opereta "A Canção Brasileira" no Teatro Recreio do Rio de Janeiro. Em 1934, transferiu-se para a gravadora RCA Victor onde permaneceu pelo resto de sua carreira. Nos anos 30 e 40, fez sucesso com diversas músicas como "O Ébrio", "Coração Materno", "Patativa", "Sangue e Areia" e "Porta Aberta" entre outros.



Em 1946, Vicente Celestino faria também sucesso no cinema com o filme "O Ébrio", sob a direção de sua esposa Gilda de Abreu, que também escreveu o roteiro junto com Vicente, que era o protagonista do espetáculo interpretando o personagem Gilberto Silva, ao lado de Rodolfo Arena, Manoel Vieira, Walter D´Ávila, Arlete Lester, José Mafra, e outros.

Foto - cena de Coração Materno

Um ano depois, outro sucesso seu musical "Coração Materno" que foi transformada numa peça teatral e em 1951, e chegou ao cinema, também sob a direção e roteiro de Gilda de Abreu, com Vicente Celestino, Gilda de Abreu, Elizeth Cardoso e Paulo Celestino, entre outros, que se transformou num outro sucesso de bilheteria.


Nos anos 50 continuou a gravar e fazer sucesso com diversas músicas e em 1958 fez a "A Viúva Alegre" na extinta TV Tupi e também na remontagem da peça "O Martir do Calvário" no Teatro São Pedro. Em 1964, comemorou os seus 70 anos de idade com um programa no auditório da Rádio Nacional e no ano seguinte recebeu o título de "Cidadão Paulistano" pela Câmara Municipal e realizou um show no Cine Roma em Salvador para arrecadar fundos para as obras sociais de Irmã Dulce.


Em 8 de novembro de 1965, Vicente Celestino fez uma participação especial no primeiro capítulo da novela "O Ébrio" de autoria e direção de José e Heloisa Castellar, adaptada do romance homônimo de Gilda de Abreu de mesmo nome, que havia sido adaptada para o cinema em 1946. A novela ficou no ar até 18 de fevereiro de 1966, totalizando 75 episódios, protagonizado pelo ator Ricardo Nóvoa, e contou com Liria Marçal, Nydia Licia, Berta Zemel e Xandó Batista, entre outros. Em 1967, recebeu o diploma "A Expressão Máxima da Canção", pelo júri do Festival Internacional da Canção promovido pela Rede Globo e também gravou um depoimento para o Museu de Imagem e Som.


Em 1968, com o surgimento do movimento tropicalista, Vicente Celestino foi homenageado ao ter a canção "Coração Materno" de sua autoria, incluída no antológico álbum "Panis et Circensis", onde a canção recebeu uma reinterpretação de Caetano Veloso, com um belíssimo arranjo do maestro Rogério Duprat. A música até então era considerada pela intelectualidade como uma música de mau gosto até então, e foi incluída no disco exatamente na intenção de revolucionar os meios musicais da época.


Nesse tempo, quando se preparava para a gravação do programa de televisão onde seria homenageado pelo Movimento Tropicalista, começou a passar mal no hotel em que estava hospedado, em São Paulo, e acabou falecendo no dia 23 de agosto de 1968, de um ataque do coração fulminante, aos 73 anos de idade. Depois seu corpo foi transferido para o Rio de Janeiro, sua terra natal, e velado na Câmara dos Vereadores.


Gilda de Abreu nasceu em 23 de setembro de 1904, e iniciou no teatro em 1933 e foi uma das primeiras mulheres a dirigir um filme no Brasil, tais como "O Ébrio" em 1946 e "Coração Materno" em 1951, ao lado de seu marido, o cantor e ator Vicente Celestino. Também atuou como cantora lírica, escritora, diretora, roteirista e radialista. Casou com Vicente Celestino com quem viveu até a sua morte em 1968. Depois casou novamente com José Spinto e veio a falecer no dia 4 de junho de 1979, aos 74 anos de idade, no Rio de Janeiro.

Foto - Gilda e Vicente

Em 2008, uma notícia surpreendeu a todos quando o jornalista Joaquim Ferreira dos Santos publicou uma nota dizendo que a sepultura de Vicente Celestino, no cemitério em São João Batista estava à venda contra a vontade de seus parentes, que acusam o segundo marido de Gilda de Abreu, José Spinto de querer cremar os restos mortais para vender o jazigo. A notícia causou um grande mal estar em todos e revolta, e ainda o processo corre na 30ª Vara Civil.


Vicente Celestino compôs diversas canções, atuou como ator no teatro e no cinema, também trabalhou como roteirista, e gravou pela Odeon, Columbia e RCA Victor. Durante sua carreira gravou 137 discos em 78 rpm, contendo 256 músicas, dez compactos e 31 LPs, onde foram gravadas diversas reedições das músicas em 78 rpm.



Vicente Celestino tinha como extensão vocal como tenor, uma voz grave que se tornou sua marca registrada e suas músicas também foi regravada pelos Mutantes, Caetano Veloso e Marisa Monte. Atualmente toda a sua memória permanecem no Museu Vicente Celestino e Gilda de Abreu, localizada em Valença, no Rio de Janeiro, e aberta ao público, idealizado por Wolnei Porto e parceria com a prefeitura de Valença, em 1999.

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