segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

O relato inédito dos sobreviventes dos andes

O relato inédito dos sobreviventes dos andes

Quatro décadas depois, e pela primeira vez, os 16 uruguaios que saíram vivos de um acidente aéreo contam como enfrentaram 72 dias na neve - e lembram o desespero e a dor de se verem obrigados a praticar o canibalismo

Natália Rangel
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VOLTA À VIDA
Cena do resgate dos 16 jovens em dezembro de 1972, nos Andes
O recém-lançado livro “A Sociedade da Neve” (Companhia das Letras), do escritor uruguaio Pablo Vierci, reúne os relatos inéditos e pessoais dos 16 sobreviventes da queda de um avião da Força Aérea do Uruguai, em 1972, numa remota região dos Andes. Estavam a bordo 45 pessoas que viajavam de Montevidéu para Santiago, no Chile, entre elas um time de jogadores de rúgbi. Havia cinco tripulantes. A aeronave chocou-se com os Andes e caiu. Dezesseis pessoas morreram na hora e, dos 29 sobreviventes, 13 foram morrendo ao longo dos 72 dias em que ficaram isolados na montanha. O grupo que conseguiu manter-se vivo o fez alimentando-se da carne de seus companheiros mortos. O fatídico episódio foi retratado em documentário, no cinema (“Vivos”, de Frank Marshall) e na literatura (“Os Sobreviventes – A Tragédia dos Andes”, do inglês Piers Paul Reed). Essa é, no entanto, a primeira vez que todos os 16 sobreviventes concordam em abrir suas tristes e dolorosas recordações. Por isso, a obra agora lançada é a mais completa de todas.
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DESTINO
Foto tirada no avião pouco antes do acidente (acima). 
Abaixo, sobreviventes na fuselagem da aeronave
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O autor revela que, após o resgate, autoridades do governo uruguaio aconselharam os jovens a não contar como tinham sobrevivido, “que a verdade, se pública, os assombraria para sempre”. Na época, Nando Parrado e Roberto Canessa, os expedicionários que conseguiram atravessar os Andes e pedir socorro a um montanhista, se negaram a esconder os fatos. Os relatos também detalham a rotina do grupo e sua estratégia de sobrevivência. Os integrantes dessa “sociedade da neve” – como eles se autodenominaram – concordaram em explicar como lidaram com o maior tabu envolvido no desastre: a ingestão de carne humana. A decisão foi tomada após o décimo dia do acidente, quando eles ouviram no rádio (que funcionou durante algum tempo) a notícia de que o resgate havia sido encerrado. O livro revela como dois deles, estudantes de medicina, tomaram a frente dessa iniciativa e, com os conhecimentos que tinham, tentaram prover a todos com os nutrientes mínimos. Entre os agonizantes e os menos famélicos que ainda conseguiam se mover e falar criou-se um “pacto de amor e solidariedade”: os que sabiam que a morte era questão de minutos incentivavam os ainda vivos a se servirem deles. Era como se houvesse um “te perdoo” antecipado. Isso, no entanto, em nada aliviava a dor e o desespero daquele que iria, para todo o sempre, levar consigo esse ato extremo.
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RELATO HISTÓRICO 
Livro reúne depoimentos inéditos dos sobreviventes, entre eles Gustavo Zerbino, Adolfo Strauch, Moncho Sabella e Roberto Canessa (abaixo), que voltaram ao local em 2006 em homenagem aos companheiros mortos
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Eles constituíram uma comunidade em estado de necessidade, única condição jurídica em que uma ação entendida pela sociedade como criminosa deixa de ser assim considerada. Os 16 sobreviventes retornaram ao local do desastre em 2006 num ato de oração e gratidão aos companheiros que morreram. A leitura de seus depoimentos hoje traduz, com o inevitável distanciamento emocional que o tempo a tudo empresta, somente um esforço hercúleo pela vida de quem há 38 anos precisou duelar com as próprias convicções morais, desafiadas pela iminência da morte na natureza selvagem onde se encontrava.
 
Confira capítulo do livro "A Sociedade da Neve"
1. Março de 2006: voltar à montanha
Subir até a geleira no Vale de las Lágrimas em março de 2006, onde está sepultada a fuselagem do F571 que caiu no sopé das serras de San Hilario, entre os vulcões Tinguiririca e Sosneado, é uma experiência arriscada.

Implica um percurso longo, uma subida vagarosa de dois dias a cavalo em trilhas improvisadas, com menos de meio metro de largura, o precipício sempre ao lado, numa cordilheira cujas paisagens e alturas mudam continuamente, mas onde a vertigem do risco iminente está sempre presente. Avança-se devagar, passo a passo, seja na montanha ou quando se atravessam as correntes impetuosas de água gelada que descem da cordilheira arrastando tudo no caminho. Parecem querer levar até mesmo as mulas e os cavalos, que cambaleiam mas não caem, firmando os cascos entre as pedras no fundo antes de dar o passo seguinte. Alguns cavaleiros avançam de olhos vendados para evitar os sobressaltos, confiando no instinto dos animais.

A cada trecho surge uma imagem ou algum imprevisto que faz você tremer. Tempestades de neve e ventos irrompem subitamente. Uma mula desliza barranco abaixo por vários metros, esperneando e levantando tanta poeira que fica impossível observar o desenlace, até que consegue firmar os cascos numa saliência da descida, com o cavaleiro curvado e agarrado à crina. Um cavalo tropeça, apoia um joelho na trilha e fica se equilibrando no ar com as patas traseiras sobre o precipício. Uma mula de carga se assusta com a ventania e sai correndo em meio às rochas, galopando montanha abaixo, largando sua carga pelo caminho, enquanto um tropeiro dispara atrás dela a galope. Os códigos já estão se alterando; a vertigem integra a paisagem. O grupo se aproxima da pré-história.

Dois dias depois, quando se chega ao Vale de las Lágrimas, a quase 4 mil metros de altitude, no centro da cordilheira dos Andes, na fronteira entre o Chile e a Argentina, o panorama é grandioso e aterrador. Faz lembrar um anfiteatro monumental: ao centro, sobre um promontório de rochas, há uma cruz de ferro onde estão enterrados os restos dos mortos no acidente. Ao sul se divisa uma sucessão infindável de montanhas e picos que vão até o Cabo de Hornos, no fim do continente. Ao norte, uma paisagem semelhante se estende até o Panamá, desdobrando seus 7240 quilômetros de extensão e constituindo um maciço montanhoso mais longo que o Himalaia; a oeste a visão se choca com um paredão de rochas e gelo de 5180 metros de altura, a serra de San Hilario, tão imponente que impede qualquer tentativa de se imaginar o horizonte. Para trás, a leste, retorna-se à Argentina, de onde veio o grupo a cavalo. Os infindáveis picos nevados culminam, na distância enevoada ao leste, no mais alto de todos: o vulcão Sosneado, de 6 mil metros de altura. Nessa paisagem de fim de mundo reina um silêncio inorgânico, interrompido de vez em quando pela violência do vento e o rangido da geleira.

É necessário deixar os cavalos, que precisam descer mil metros antes que o sol se ponha entre as montanhas para não morrerem congelados. Depois o grupo tem de caminhar mais oitocentos metros a oeste da cruz de ferro até o local exato onde a fuselagem do Fairchild está soterrada, no meio da geleira. Falta oxigênio, cada passo exige um esforço maior que o anterior. Náusea, confusão, dor de cabeça, o mal da altitude começa a se insinuar no corpo dos menos acostumados.

Quatro sobreviventes do acidente de 1972 fazem parte do grupo: Roberto Canessa, Gustavo Zerbino, Adolfo Strauch e Ramón “Moncho” Sabella. Acompanha-os também Juan Pedro Nicola, cujos pais faleceram no acidente. Como todos do grupo, ele traz o filho, para que conheça a sepultura onde descansam os restos de seus avós e dos outros que nunca mais voltaram. O filho observa o pai, que está absorto, o olhar perdido nas cinco agulhas de pedra com que o avião se chocou.

Quando a geleira fica mais próxima, e o paredão de neve da serra de San Hilario tem suas dimensões aumentadas, os integrantes do grupo precisam se amarrar uns aos outros e colocar crampons nas solas das botas antes de continuar a subida. A geleira, com a fuselagem bem no centro, está logo ali, atravessada de lado a lado por gretas de vinte a trinta metros de profundidade, dissimuladas por finas camadas de gelo. Três montanhistas profissionais vão à frente, sondando o terreno com suas piquetas e bastões. Alguns metros atrás seguem os quatro sobreviventes.

A paisagem que Gustavo Zerbino viu no dia 13 de outubro de 1972, às 15h35, momentos depois do acidente, quando a fuselagem destroçada encalhou no meio da geleira depois de deslizar a uma velocidade estonteante, ziguezagueando, chocando-se contra os conjuntos rochosos que surgem em meio à ladeira de neve, pouco mudou nesses 34 anos. A primeira coisa que ele viu, ao sul, foram as encostas abruptas cobertas de neve e coroadas no alto com as pontas de pedra observadas poucos momentos antes por Juan Pedro Nicola. As mais altas são as dos extremos, e foi contra uma dessas que se chocou a asa esquerda do avião, e seu ventre com as do meio, quando se deslocava com os motores roncando ao máximo, numa tentativa desesperada de evitar uma colisão que àquela altura, com a direção já totalmente perdida, era inevitável. Na direção do oeste, observado do ponto onde se encontra a fuselagem, o paredão de rochas cobertas de neve parece incrustado em posição vertical, humanamente inalcançável, a não ser por uma façanha acima de qualquer lógica, ou a menos que se esteja vivendo em uma sociedade desconhecida.

No dia 13 de outubro de 1972, às 15h37, Gustavo Zerbino, com dezenove anos de idade, pertencente ao grupo dos mais novos, vivenciava o mesmo que agora. Sentia falta de ar, não tinha forças, era assolado por dor de cabeça e estava muito confuso. Saiu ileso, mas precisava ajudar o amigo Roberto Canessa, da mesma idade, a escapar da armadilha onde caíra imobilizado debaixo de dois assentos arrancados inteiros pelo impacto que o deixaram preso entre ferros cortantes e pontiagudos. Imediatamente, os dois começam a retirar os assentos que prendem os demais, feridos ou ilesos. Para remover alguns cadáveres presos aos ferros retorcidos e aos destroços da fuselagem, precisam amarrá-los pelos pés usando os cintos de segurança e arrastá-los de quatro até a neve, para deixá-los ali sem mais, de bruços, a três metros do desastre.

Gustavo corre com determinação para ajudar no que pode. Não há tempo para pensar, apenas para colaborar com Roberto, que enquanto cuida de um ferido examina o pulso de um moribundo, momentos antes de improvisar um torniquete de emergência para conter o sangramento de Fernando Vásquez, que teve uma perna ferida pela hélice da asa direita que se soltou e avançou na direção do aparelho. Logo depois ele retorce a tíbia quebrada de Álvaro Mangino, encaixando-a no lugar e afastando-o do caminho: já foi atendido. Agora é a vez de outro, um companheiro emaranhado entre ferros, tremendo, com uma ferida na barriga, que logo se ergue para mostrar a Gustavo o tubo de metal cravado em suas entranhas.

— Não está doendo. Só sinto frio — diz Enrique Platero.

Hoje está tudo intacto. Como se o tempo tivesse congelado. Não há ferrugem nos restos do avião espalhados pelo local. Na asa esquerda, partida ao meio exatamente onde ficava a hélice, brilham com nitidez as velhas inscrições, o lugar de fabricação, a data, as instruções técnicas. O céu se fecha de repente e o grupo decide voltar oitocentos metros até o promontório de pedra onde está a cruz de ferro, ao lado da qual se montaram duas barracas especiais para a montanha.
Nuvens escuras avançam ameaçadoras, anunciando o vento e as tempestades de neve que logo fazem as barracas sacolejarem como se fossem arrancá-las do chão. Adolfo Strauch, que em 1972 pertencia ao grupo dos mais velhos, com 24 anos, anuncia a iminência de uma avalanche. Observa com atenção, e logo depois de fazer sua advertência ele mostra para a filha, Alejandra, como se produz um gigantesco desprendimento de neve acumulada no grande paredão a oeste, que provoca à sua passagem um forte estrondo e gera um rastro de vapor. Mas agora eles estão a salvo, a oitocentos metros de onde se encontram os destroços do avião de 72.
De pé junto à cruz de ferro, com o braço sobre o ombro de Roberto Canessa, Gustavo Zerbino vibra como se estivesse vivendo um presente contínuo. Na noite anterior, no acampamento-base de El Barroso, numa barraca de montanha que dividiu com um de seus filhos, no meio do caminho para o Vale de las Lágrimas, Gustavo não conseguiu dormir, assolado por náuseas e pesadelos. Ao amanhecer, ele monta seu cavalo e sobe em silêncio, isolando-se no tempo. Quando consegue enxergar o Vale de las Lágrimas, já está a bordo do F571. Seu relato, agora, se mescla com suspiros, intercala-se com recordações tão vivas que ele chega a sentir que está dando um passo atrás, como em 1972, para se afastar dos destroços fantasmagóricos do avião partido.
No instante em que a aeronave se chocava com a agulha de pedra, às 15h30, depois de despencar por uma coluna de vácuo ilimitada, Gustavo livrou-se inconscientemente do cinto de segurança e ficou de pé no corredor, segurando com toda força os suportes metálicos que delimitavam os bagageiros, para não voar com o choque. Sentiu o impacto, e logo depois os assobios do vento gelado e da neve que castigavam sua cabeça, as costas e as pernas, e contou os segundos intermináveis que o corpo partido do avião levava patinando sobre o gelo até parar abruptamente, esmagando assentos e pessoas contra o compartimento de bagagens e o dos pilotos.
Roberto Canessa sente o impacto da asa contra as rochas e agarra a poltrona à sua frente com todas as forças. Surgem em sua mente imagens soltas, impetuosas e confusas, que o encaminham a um único desenlace: ele está protagonizando um acidente aéreo na cordilheira dos Andes. A qualquer momento ele se espatifará contra a montanha e conhecerá o que se esconde do outro lado da vida.
 

Espártaco


Espártaco

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Espártaco
Espártaco, de Denis Foyatier,
1830Museu do Louvre
Nascimento120 a.C.
Trácia
Morte70 a.C. (50 anos)
Basilicata
Espártaco (em latimSpartacus; em grego: Σπάρτακος; ca. 120 a.C. – ca. 70 a.C.) foi um gladiador de origem trácia, líder da mais célebre revolta de escravos na Roma Antiga, conhecida como "Terceira Guerra Servil", "Guerra dos Escravos" ou "Guerra dos Gladiadores". Espártaco liderou, durante a revolta, um exército rebelde que contou com quase 100 mil ex-escravos1 .

A origem de Espártaco e a revolta dos escravos[editar | editar código-fonte]

A República Romana por volta de 100 a.C.
De acordo com vagas referências de autores romanos (ApianoFloro ePlutarco), Espártaco era de origem trácia2 3 e, por ter desertado de uma tropa auxiliar do exército romano, foi capturado e reduzido à escravidão. Devido à sua força física, foi comprado por um mercador a serviço dolanista 4 , Lêntulo Batiato, e levado para a escola de gladiadores deCápua, na Campânia (Itália).
Sobre ele, dizem os autores antigos:
  • Plutarco: "Era um homem inteligente e culto, mais helênico do que bárbaro5
  • Floro: "... mercenário da Trácia, admitido em nosso exército, soldado desertor, bandido promovido a gladiador por sua força6
Em 73 a.C., cerca de duzentos escravos da escola de Batiato revoltaram-se, devido (segundo Plutarco) aos maus-tratos que recebiam do lanista, e armados apenas com facas de cozinha, atacaram os guardas da escola. Ainda segundo Plutarco, setenta e oito deles (ou apenas trinta, segundo Floro) conseguiram fugir. No caminho, depararam-se com umas carretas carregadas de armas usadas pelos gladiadores, apoderando-se delas. Com esse armamento, repeliram a guarnição de Cápua, enviada para capturá-los.

Roma manda uma expedição contra Espártaco[editar | editar código-fonte]

Roma então organizou a primeira expedição contra os revoltosos. À frente de três mil homens, o pretor romano Caio Cláudio Glabrositia-os em seu forte, um outeiro de subida penosa e estreita rodeado de altos rochedos talhados a pique, tendo no cimo grande quantidade de videiras selvagens. Sendo a subida guardada por Cláudio, os sitiados cortaram os rebentos mais longos e fortes de tais videiras, fizeram com eles compridas escadas que roçavam a planície, e, amarrando-as no alto, por elas desceram todos sossegadamente. Apenas um deles ficou em cima, para jogar-lhes as armas, findo o que também se pôs a salvo. Os romanos não suspeitaram da operação; rodeado o outeiro, os sitiados atacaram-nos pela retaguarda, afugentando-os e tomando-lhes o acampamento. Muitos boiadeiros e pastores que guardavam seus rebanhos juntaram-se aos fugitivos, sendo uns armados por eles e outros mandados a espionar.

Outra expedição contra Espártaco[editar | editar código-fonte]

Charge de Espártaco.
Nessa ocasião, Roma enviou o comandante Públio Varínio a fim de desbaratá-los. Em um primeiro combate derrotaram o tenente denominado Fúrio, juntamente com dois mil homens e três ursos. Em seguida também derrotaram um outro tenente,Cossino, que lhe haviam impingido como conselheiro e companheiro, e com grande poder. Houve uma tentativa de aprisionar Espártaco quando este se banhava num lugar chamado Salinas, no entanto o comandante, custosamente, conseguiu salvar-se. Não obstante, Espártaco apoderou-se de sua bagagem, e, perseguindo-o tenazmente apoderou-se também de seu acampamento, tendo-lhe custado a vida de muitos dos seus homens, dentre os quais, Cossímo. Tendo também vencido em muitos combates o próprio pretor-chefe, aprisionando os sargentos que conduziam os machados à sua frente, bem como seu próprio cavalo. Espártaco adquiriu tal valor que todos passaram a temê-lo. Todavia, calculando cuidadosamente suas forças e dotes, e vendo que elas não podiam superar as dos romanos, levou seu exército para os Alpes, considerando que, uma vez transpostos, cada qual voltasse para sua terra, isto é, para a Gália e para a Trácia. Seus homens, porém, fiados em seu número, e prometendo grandes realizações, não o quiseram atender, e recomeçaram a percorrer e a saquear toda a península Itálica.

Roma encarrega os cônsules de derrotar Espártaco[editar | editar código-fonte]

Achando-se o senado inquieto, não só pela vergonha e afronta de serem seus homens vencidos por escravos sublevados, como pela apreensão e pelo perigo em que se achava toda a península Itálica, mandou para ali os dois cônsules, como se fosse uma das mais árduas e perigosas guerras que deveriam enfrentar. Lúcio Gélio Publícola, um dos cônsules, atacando de surpresa uma tropa de germanos, que por altivez e desprezo, se havia separado e afastado do acampamento de Espártaco, submeteu-a toda ao fio de espada; Lêntulo, seu companheiro, com numerosas forças sitiou Espártaco e todos os que o seguiam, atacou-os, venceu-os, e apoderou-se de toda a sua bagagem. Razão por que, avançando para os Alpes, Cássio, pretor e governador da Gália do subúrbio do rio Pó, enfrentou-o com um exército de dez mil homens. Travou-se um grande combate, no qual ele foi derrotado, tendo perdido muitos soldados e conseguido salvar-se a muito custo e às pressas. Ciente disto, o senado declarou-se bastante descontente de seus cônsules; ordenando-lhes que não mais se envolvessem nesta luta, atribuiu todo o encargo a Marco Licínio Crasso em 71 a.C., que foi seguido por numerosos moços nobres, graças à sua elevada reputação e à grande estima que lhe votavam.

Crasso é encarregado de acabar com Espártaco[editar | editar código-fonte]

Estátua de mármore de Espártaco, por Louis-Ernest Barrias, (1871), jardins do Palácio das Tulherias, (Paris)
Crasso foi assentar seu acampamento na Romanha, para esperar a pé firme Espártaco, que se dirigia para ali, e mandou Múmio, um dos seus tenentes, com duaslegiões, envolver o inimigo pela retaguarda, ordenando segui-lo sempre no encalço, e proibindo-lhe expressamente atacá-lo e escaramuçá-lo de qualquer modo. Não obstante todas estas determinações, logo que Múmio se viu na possibilidade de fazer alguma coisa, atacou-o, sendo derrotado, com perda de muitos dos seus homens. Os que conseguiram salvar-se na fuga, apenas perderam suas armas. Crasso irritou-se bastante com ele; e, recolhendo os fugitivos, deu-lhes outras armas, exigindo-lhes fiadores que garantissem seu melhor serviço dali por diante, coisa que nunca fora feito antes. E, os quinhentos que estiveram nas primeiras filas, e que foram os primeiros a iniciar a fuga, ele dividiu-os em cinquenta dezenas, em cada uma das quais sorteou um,(dizimação) sujeito à pena de morte. Reviveu assim o antigo modo dos romanos castigarem os soldados covardes, coisa que de há muito havia sido abandonada, por ser ignominiosa, e produzir horror e espanto à assistência, quando realizada publicamente.
A Rota de Espártaco
A perseguição de Crasso a Espártaco
A batalha final
Castigando assim seus soldados, Crasso lançou-os diretamente contra Espártaco, que recuou sempre e tanto que, pela região doslucanianos, chegou à costa, encontrando alguns navios de corsários cilícios no estreito de Messina. Isto animou-o a ir à Sicília; e, para enviar para lá dois mil homens, para sublevar escravos de lá. Mas Crasso tomou medidas para o impedir de enviar homens para a para a Sicília para amotinar os escravos da ilha. Razão por que, lançando-se inesperadamente longe da praia, ele foi assentar seu acampamento na península dos régios, onde Crasso foi encontrá-lo; e, vendo que a natureza do lugar mostrava-lhe como devia agir, decidiu cercar de muralhas o istmo da península, dando assim ocupação aos seus homens e impedindo que os inimigos recebessem víveres. Trabalho demorado e difícil, que ele executou em bem pouco tempo, contra a opinião de todo o mundo, e fez abrir uma trincheira através da península, de quinze léguas de comprimento, quinze pés de largura e quinze pés de profundidade. Sobre a trincheira fez construir uma muralha muito alta e forte, da qual Espártaco a princípio zombou. Quando, porém, sua pilhagem começou a falhar, e se viu na impossibilidade de obter víveres em toda a península, devido àquela muralha, numa noite bastante áspera, de neve espessa e vento impetuoso, ele mandou encher de terra, pedras e galhos de árvores um trecho não muito extenso da trincheira, por onde fez passar um terço do seu exército.
A princípio, Crasso receou que Espártaco tomasse a resolução de seguir para Roma. Logo, porém, tranquilizou-se, pois soube haver sério desentendimento, entre eles, e que uma grande tropa, amotinada contra Espártaco, separara-se dele e fora acampar junto a um lago daLucânia, cuja água de tempos a tempos torna-se doce, e a seguir tão salgada que não pode ser bebida. Tendo-os atacado, Crasso expulsou-os dali, mas não conseguiu matar grande número, nem afastá-los para muito longe, porque Espártaco apareceu de repente com seu exército, e fez cessar a perseguição.
Crasso, que havia escrito ao senado ser necessário chamar Lúculo da Trácia e Pompeu daHispânia, arrependido de havê-lo feito, esforçava-se o mais possível de dar fim a esta guerra antes que eles chegassem, por saber que atribuiriam toda a glória da sua conclusão ao recém-chegado que lhe fosse em auxílio, e não a ele. Por isso ele resolveu primeiramente atacar os que se haviam revoltado e entrincheirado à parte, às ordens dos capitães Caio Canício e Casto. Para tal, fez seguir seis mil soldados de infantaria, para assenhorear-se de uma eminência, ordenando-lhes que tudo fizessem para não serem vistos nem descobertos pelos inimigos. O que eles procuraram realizar o melhor possível, cobrindo seus morriões e elmos. Não obstante, eles foram percebidos por duas mulheres que às escondidas faziam sacrifícios em favor dos inimigos, e estiveram em risco de ficar todos perdidos. Crasso, porém, socorreu-os a tempo, dando aos inimigos o combate mais áspero de quantos se realizaram naquela guerra. Na luta, pereceram doze mil e trezentos homens, lutando valorosamente frente a frente.
Depois desta derrota, Espártaco retirou-se para as montanhas de Petélia, perseguido e escaramuçado sem trégua, pela retaguarda, por Quinto, um dos tenentes de Crasso, e seu tesoureiro Escroía. No fim do dia, porém, tudo mudou de repente, e Espártaco derrotou os romanos, sendo o tesoureiro gravemente ferido e salvo a custo. Esta vantagem obtida sobre os romanos deu origem à ruína final de Espártaco, porque seus guerreiros, quase todos escravos fugitivos, encheram-se de tamanho orgulho e audácia que não quiseram deixar de combater, nem obedeceram mais seu comandante. Pelo contrário, como se achavam a caminho, cercaram-nos e disseram-lhes que, quisessem ou não, era preciso que voltassem depressa e os conduzissem pela Lucânia contra os romanos, que era o que Crasso pedia, pois sabia que Pompeu se aproximava, à que muitos em Roma discutiam e brigavam por sua causa, dizendo que a vitória final desta guerra lhe era devida, e que logo que ele ali chegasse tudo seria decidido com um único combate.

O fim de Espártaco[editar | editar código-fonte]

A queda de Espártaco.
Por isso, procurando combater, e aproximando-se o mais possível dos inimigos, Crassomandou um dia abrir uma trincheira, que os fugitivos procuraram impedir, carregando furiosamente sobre os que se ocupavam de tal tarefa. A luta tornou-se violenta. E, como, a todo momento, chegassem reforços de parte a parte, Espártaco viu-se obrigado a lançar mão de todos os recursos. Sendo-lhe levado o cavalo em que devia combater, ele desembainhou a espada, e, matando-o à vista de todos, disse:
Cquote1.svgSe eu for vencido neste combate, ele de nada me servirá. E, se eu for vitorioso, muitos deles, belíssimos e excelentes, terei dos inimigos à minha disposição.Cquote2.svg
Isto feito, lançou-se através da pressão dos romanos, procurando aproximar-se de Crasso, sem o conseguir, e matou dois centuriões romanos que o enfrentaram. Por fim todos os que o rodeavam fugiram, e ele permaneceu firme em seu posto, completamente cercado, lutando valentemente, sendo retalhado.
Embora Crasso fosse muito feliz e satisfizesse todos os seus deveres de bom comandante e de homem valente, expondo-se a todos os perigos, não pôde impedir que a honra do termo daquela guerra fosse atribuída a Pompeu, porque os que escaparam deste último combate cairam-lhe às mãos e ele aniquilou-os, escrevendo ao senado que Crasso vencera os fugitivos em combate regular, mas ele destruíra todas as raízes desta guerra! Pompeu teve assim entrada triunfal em Roma, por haver vencidoSertório e reconquistado a Hispânia. A Crasso foi-lhe concedida uma ovação após a sua vitória. Não recebeu um triunfo por ter sido ganha contra escravos, mas o senado permitu-lhe portar a coroa de loureiro em vez da de mirto, considerando a importância desta vitória.7

Crasso puniu os que sobreviveram à sua investida contra Espártaco, mandando crucificar 6000 revoltosos ao longo da Via Ápia (de Cápua até Roma).

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Frases Otimistas

Afrânio Peixoto
"O otimismo é, e deve ser, o ânimo dos que combatem e aspiram ao bem comum."
Frases para Aniversário

Eugênio Mohallen
"Aniversário: aquela festa onde comemoramos estar um ano mais próximos da morte."
Frases para ex Namorado(a)

SÓFOCLES
"As feridas que nós próprios nos inflingimos são as mais difíceis de suportar. "
Frases para Fotos

Sacha Guitry
"Quando se ama uma mulher feia, pode-se ama-la cada vez mais, porque a feiura... so tende a aumentar."
Frases para Namorada

Marcel Proust
"Mas de súbito foi como se ela tivesse entrado, e essa aparição foi para ele uma dor tão dilacerante que teve de levar a mão ao pei..(continua)"
Frases para o Dia das Mães

Beto Barbosa
"Mãe é mãe, o resto é pai e filhos.."
Frases para os Pais

Frida Kahlo
"Meu pai foi para mim um grande exemplo de ternura, de trabalho... e acima de tudo de compreensão de todos os meus problemas."
Frases para Professor

Antoine de Saint-Exupéry
"Todas as pessoas grandes foram primeiro crianças."
Frases Paulo Coelho

Paulo Coelho
"Uma coisa é você achar que está no caminho certo, outra é achar que o seu caminho é o único. Nunca podemos julgar a vida dos outro..(continua)"
Frases Provocantes

Robert Louis Stevenson
"A política talvez seja a única profissão para a qual não se julga necessária uma preparação."
Frases Reflexivas

Khalil Gibran
"Somos todos prisioneiros, mas alguns de nós estão em celas com janelas, e outros sem."
Frases Românticas

Pablo Neruda
" A pessoa certa é a que está ao seu lado nos momentos incertos"
Frases sobre Amizade

Jô Soares
"Não há amizade, que por mais profunda que seja, que resista a uma série de canalhices."
Frases sobre Deus

Almeida Garrett
"A eloquência é a força de uma voz respeitada, no meio da efer­vescência popular; é um dos con­tínuos milagres que atestam o poder ..(continua)"
Frases sobre Família

Madre Teresa de Calcutá
" Sorria um para o outro, sorria para a sua esposa, sorria para o seu marido, sorria para os seus filhos, sorria um para o outro - ..(continua)"
Frases sobre Meio Ambiente

Amazonino Mendes
"Distribuir motosserra para destruidor de floresta é uma coisa. Dar a motosserra para a sobrevivência de um caboclo é outra. É um a..(continua)"
Frases sobre o Brasil

Getúlio Vargas
"A formação do Brasil vale pelo mais luminoso testemunho da ra­ça."
Frases Voltaire

Voltaire
"Estamos todos repletos de fraquezas e erros; perdoemo-nos uns aos outros as tolices; é a primeira lei da natureza. "
Melhores Frases

George Herbert
"Amor e tosse, impossível ocultá-los."


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