Edifício Joelma: tragédia ou maldição ?
O Poço construído pelo Professor Paulo nos fundos de sua residência
Dia
05 de Novembro de 1948. Na casa localizada na Rua Santo Antônio, número
104, na região onde hoje fica a Praça da Bandeira, o Professor de
Química da Universidade de São Paulo, Paulo Ferreira de Camargo, que lá
morava com a mãe e duas irmãs, informava seus amigos que ficaria ausente
por alguns dias, pois faria com a família uma viagem para o Paraná.
Alguns
dias depois, Paulo mandou a triste notícia de que a mãe e as duas irmãs
haviam falecido em um acidente numa estrada próxima a Curitiba.
Paulo Ferreira de Camargo, um insuspeito professor de Química da USP
Porém,
a falta de um funeral, a ausência de informações sobre o acidente, e a
relutância de Paulo em informar o local de sepultamento aos familiares
começaram a gerar desconfiança sobre a versão do professor.
Foto dos trabalhos de resgate dos corpos do "Crime do Poço"
Alguns dias após o resgate dos corpos, um dos bombeiros morreu devido ao contato com os cadáveres
Quando
a polícia foi informada de que ele tinha iniciado a construção de um
poço meses antes, sob alegação de que precisava de água não clorada para
algumas "experiências", e que fizera algumas perguntas a colegas da
Universidade sobre quais os produtos químicos mais adequados para a
corrosão de um cadáver, os oficiais perceberam que precisariam fazer uma
visita à casa da Rua Santo Antônio.
Os corpos da mãe e duas irmãs assassinadas e jogadas no poço
Quando
o poço foi aberto, o que se viu foram as três vítimas jogadas com as
cabeças envoltas em sacos. Estava comprovado que Paulo havia armado um
plano para livrar-se de sua família sem deixar vestígios. Preso em
flagrante, ele pediu para ir ao banheiro antes de ser levado à
delegacia, e aproveitando um descuido de sua escolta, suicidou-se dentro
de sua própria casa.
Foto do Edifício Joelma, o mais sinistro da cidade de São Paulo
Até hoje, muitas pessoas recusam-se a visitá-lo, mesmo que tenham compromissos profissionais
Durante
décadas a casa onde foi cometido o "Crime do Poço" ficou fechada, até
que foi demolida para a construção de um grande edifício de 25 andares,
que ficaria conhecido nacional e internacionalmente no início da década
de 70, e que mudou a história da Engenharia no Brasil: o Edifício Joelma.
Fotos retiradas do site Geoportal, que mostra fotos comparativas da cidade de 1958 e 2008
Na primeira foto, de 1958, pode-se ver a casa da Rua Santo Antônio, que ainda não tinha sido demolida
Abaixo, a foto de 2008, já com o Edifício Joelma no mesmo lugar
Em
1971, logo após o término de sua construção, foi alugado como sede do
Banco Crefisul de Investimentos, e na manhã de 01 de Fevereiro de 1974,
uma sexta-feira que não parecia em nada diferente de tantas outras, um
curto-circuito no sistema de ar-condicionado do 12o Andar ocorrido às
08:54 da manhã causou uma labareda que em minutos se espalhou por vários
andares, onde divisórias e móveis de madeira serviram como
combustível.
800 funcionários do Banco de Investimentos Crefisul trabalhavam no Joelma
A maldição da Rua Santo Antônio pairou também sobre ele.
Foi comprado por Ricardo Mansur, e como Mappin e Mesbla, faliu nas mãos do empresário
A
falta de escadas de incêndio fez com que a única via de saída fossem os
elevadores, que pararam depois de algumas viagens, deixando totalmente
isoladas centenas de pessoas, que desesperadas subiram para a cobertura
do edifício, esperando que os helicópteros de salvamento pudessem
resgatá-los, repetindo o que acontecera no grande incêndio do Edifício
Andraus, dois anos antes.
Desespero nas tentativas de resgate por helicópteros
Neste momento, mais de 20 pessoas já haviam pulado para a morte
Mas
o Joelma não possuía Heliponto, e o calor e entulho na cobertura não
permitiram o pouso no teto do edifício. Somente depois de mais de 2
horas as chamas foram controladas, e um dos helicópteros pôde tentar
pairar no ar enquanto os resgates eram feitos. Os bombeiros paulistanos,
heróicos mas extremamente mal equipados, salvaram muitas vidas.
Cena real do incêndio do Joelma
Problemas sérios de segurança em um prédio com menos de 3 anos
Enquanto
o Joelma ardia, dezenas de pessoas desesperadas pelo sufocamento e
calor que chegou à quase 100 graus pulavam para a morte, perante
milhares de curiosos que acompanhavam todo o incêndio, que foi filmado
em seus detalhes mais sórdidos.
Foto tirada pelo hoje famoso fotógrafo Pedro Martinelli
Em 1974, ele morava no Edifício Copan, próximo ao Joelma
O
saldo final da tragédia foi de 187 mortos (algumas fontes citam outros
números, sempre próximos a 180) e mais de 300 feridos entre as 800
pessoas que estavam no prédio. Uma em cada 4 pessoas que entraram no
Joelma naquela sexta-feira nunca mais voltaram para casa.
Milhares de curiosos observaram a tragédias nas ruas do centro da cidade
É
no mínimo curioso que duas tragédias terríveis numa "megalópole" como
São Paulo tenham ocorrido no mesmo endereço. Depois da tragédia, o
Joelma ficou 4 anos fechado para uma reforma completa, e reaberto em
1978, com o nome de Edifício Praça da Bandeira, que até hoje abriga
escritórios comerciais. Depois do Joelma, as construções no Brasil
passaram a ter regras de segurança bem mais rígidas.
O Joelma, ou melhor, Edifício Praça da Bandeira, em foto do início dos anos 80
Porém,
se você conversar com os vigias noturnos, visitantes e entregadores,
ouvirá histórias sinistras de gritos, choros e aparições ao longo dos
últimos 37 anos.
eis uma delas...
"Em um escritório da advocacia alugado pouco tempo após a re-inauguração, uma assistente ficou até mais tarde para organizar os documentos deixados no final do expediente.Como já era tarde da noite, e devido a existência de muitas salas ainda vazias e sem utilização, o prédio mantinha um silêncio sombrio e assustador.Em certo momento a assistente ouviu um barulho na ante-sala do escritório, como se a porta tivesse sido aberta.
Quando ela foi olhar, a porta estava fechada, como havia estado antes.Então ela imaginou que fosse uma outra porta em outra sala do mesmo andar que havia gerado aquele ruído.
Instantes depois ela ouviu o barulho novamente, e quando se voltou, viu um vulto de uma mulher passando pela ante-sala.
Ela se assustou chegando a dar uma grito.Foi observar novamente e não havia ninguém no local, apenas ela. Rapidamente ela pegou suas coisas, e saiu do escritório. Quando foi trancar a porta, novamente ela viu o vulto de uma mulher no fundo do corredor, desaparecendo em seguida.A assistente rapidamente deixou o edifício e tempos depois se demitiu, pois havia a necessidade de ficar em alguns dias até mais tarde e ela não concordou com a solicitação, temendo ver aquele vulto novamente ou algo ainda pior ".
Durante
os trabalhos de rescaldo do incêndio, 13 vítimas totalmente
carbonizadas e irreconhecíveis (não existiam testes de DNA na época)
foram encontradas presas em um dos elevadores, sendo sepultadas no
Cemitério São Pedro, na Vila Alpina, em São Paulo.
Os túmulos das 13 almas, na Vila Alpina, em São Paulo
Nunca faltam flores nem água no local
O
"Túmulo das 13 Almas" transformou-se em um dos mais visitados da
cidade, pois a eles creditam-se milagres. Lá também são contadas
inúmeras histórias de ruídos e lamentos que só são aplacados quando
coloca-se um água fresca sobre a sepultura.
Placa indicativa no local
Será
que alguns lugares podem ser chamados de amaldiçoados? Você conhece
algum outro em sua cidade? Tire suas próprias conclusões...
"O que está fora da vista perturba mais a mente dos homens do que aquilo que pode ser visto"
Júlio César, Imperador Romano
Vídeo com cenas do incêndio do Joelma
Cuidado, cenas fortes.
Mais sobre a história do Edifício Joelma em...
e também sobre os mistérios e maldições que rondam o lugar desde a primeira metade do século XX
Saiba também a história de outro grande incêndio na cidade de São Paulo: O Andraus
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